O ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou nesta segunda-feira (25) que o governo brasileiro distribuirá às grávidas cadastradas no programa Bolsa Família repelentes para que possam se proteger do mosquito Aedes egypti, que transmite o Zika vírus, apontado como responsável pelos casos de microcefalia que têm sido registrados no país desde o fim do ano passado.
O ministro voltou a se reunir nesta segunda com a presidente Dilma Rousseff e com mais cinco ministros para discutir medidas de combate ao mosquito. Além do Zika vírus, o Aedes aegypti transmite, por exemplo, a dengue e a febre chikungunya.
“Vamos distribuir [repelentes]. Na quarta, teremos encontro aqui no [Palácio do] Planalto com fabricantes de repelentes para ver a quantidade que eles podem fornecer. Vamos adquirir e distribuir para as pessoas que sejam gestantes e que estejam no Bolsa Familia. Às outras pessoas, recomendamos que usem os repelentes aprovados pela Anvisa”, disse Castro.
Foram chamados ao Palácio do Planalto, nesta segunda, seis ministros: Marcelo Castro (Saúde), Aloizio Mercadante (Educação), Edinho Silva (Comunicação Social), Gilberto Occhi (Integração Nacional), Jaques Wagner (Casa Civil) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social).
Segundo apurou o G1, o grupo discutiu, entre outras medidas, o combate in loco ao Aedes aegypti, mobilização social e campanhas publicitárias com o objetivo de conscientizar a população sobre como prevenir que o mosquito se prolifere e espalhe vírus causadores de doenças.
Medidas de combate nos estados
Marcelo Castro disse que deve propor em nível nacional um programa desenvolvido pelo governo de Goiás por meio do qual as equipes de combate ao mosquito conseguem acompanhar, através de computador, as casas visitadas pelas equipes de vigilância. O ministro disse que técnicos da pasta estão no estado para estudar este programa.
Castro disse também que na próxima sexta (29) a presidente Dilma participará de videoconferência com governadores para discutir medidas de combate ao Aedes aegypti, classificado pelo ministro de “inimigo número um do Brasil”. Segundo o ministro, o governo já está fazendo o “máximo que pode” para combater o mosquito, e é preciso que a sociedade se conscientize sobre as formas possíveis para evitar que o Aedes aegypti se prolifere.
“É preciso informar à opinião pública que temos inúmeros exemplos no Brasil de cidades que a sociedade se mobilizou e conseguiu eliminar o mosquito. É difícil ele ser eliminado? É. Mas não é impossível. Se mobilizarmos a sociedade, ela tiver consciência e resolver eliminar o mosquito, nós conseguiremos”, declarou.
Proteção das mulheres
Durante a entrevista, Marcelo Castro disse também que o Ministério da Saúde recomenda às mulheres que “andem sempre protegidas, de mangas compridas, calças compridas, meias, sapatos, cobrindo todas as partes do corpo para evitar que elas sejam picadas pelo mosquito.”
Marcelo Castro criticou ainda a “contemporização” em relação ao mosquito já que, segundo ele, há 30 anos o Brasil conhece o Aedes Aegypti.
“Eu não estou condenando ninguém. Mas é fato que o mosquito convive com a gente esse tempo todo. Se perdermos a batalha, teremos quantas pessoas com microcefalia? Agora é uma guerra completa, e essa batalha, nós precisamos vencer sob pena de a história nos julgar, toda a sociedade brasileira, por não termos tido competência suficiente para eliminar um mosquito que traz consequências tão graves”, completou.
A declaração desta segunda-feira no Palácio do Planalto ocorreu três dias após o ministro Marcelo Castro declararar, no Piauí, que o Brasil está “perdendo a guerra” contra o mosquito Aedes aegypti. Conforme o Blog do Camarotti, a declaração de Marcelo Castro causou contrariedade no Palácio do Planalto.
Segundo o blog, a frase do ministro passa a imagem de que o governo não está conseguindo reagir não só a epidemia de dengue, mas, principalmente o crescimento do vírus Zika.
Na última sexta (22), Dilma já havia se reunido no Palácio da Alvorada, residência oficial, com seus auxiliares para discutir medidas de combate ao mosquito. Na semana passada, ao inaugurar uma obra em Recife (PE), a presidente Dilma pediu que haja o combate ao mosquito pela sociedade enquanto não há uma vacina que combata o Zika vírus.
“A gente só vai conseguir ter o combate e sair vitorioso se a população se engajar. Por mais esforços que façamos, sempre é possível ter água parada que nós não vimos. Daí, quem tem mil olhos? A população. E ela também pode nos ajudar para que a gente, enquanto não temos a vacina, enquanto não podemos fazer um combate mais agressivo a ele [vírus], que a gente tire as condições de reprodução do mosquito”, disse ela na ocasião.