O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (5) que a inflação no país “está agora um pouquinho alta” e que precisa “tomar remédio logo”. A declaração foi feita durante palestra realizada num hotel em Porto Alegre, em que Lula minimizou críticas feitas à atual condução da política econômica pelo governo da presidente Dilma Rousseff.
Ao comentar sobre a alta de preços, Lula destacou que alta de preços tem se mantido dentro da meta (com IPCA entre 2,5% e 6,5% ao ano) durante os governos petistas e comparou a situação atual com o período de hiperinflação, nos anos 80 e 90.
“Durante 11 anos, a inflação está dentro da meta. Está agora um pouquinho alta. É como estivesse com 37° de febre e precisa tomar remédio logo. Precisa tomar um choque logo, tomar um banho gelado. E a presidente [Dilma Rousseff] sabe que quem perde com a inflação é o trabalhador. Acho engraçado que hoje falam de inflação. A inflação era de 80% ao mês. Eu recebia meu salário em um atacadista. E tinha que comprar muito [alimento] não-perecível, se não estragava. Devo ter papel higiênico daquele tempo até hoje”, afirmou.
Na palestra, Lula também comentou o crescimento de 0,2% do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre deste ano. Ele afirmou que um crescimento mais expressivo não é possível “todo o santo ano”.
“Todo mundo gostaria que o PIB brasileiro estivesse subindo 10%, que a economia estivesse mais forte, que a economia estivesse rendendo mais. Acontece que nem na nossa vida pessoal, nem no governo e nem na nossa casa isso é possível todo santo dia e todo o santo ano. É importante pensar nisso, pensando no país que vivemos um tempo atrás”, disse o ex-presidente.
Conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia registrou avanço de 0,2% no primeiro trimestre em relação aos três meses anteriores. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o avanço foi de 1,9%. No acumulado em quatro trimestres encerrados no 1º trimestre de 2014, a alta é de 2,5%.
Lula afirmou que o Brasil é hoje a sétima maior economia do mundo e que “falta pouco” para ultrapassar a Inglaterra e França. Destacou que o Brasil é o maior produtor e exportador de alimentos do mundo e que também produz aeronaves, alumínio, papel e aço.
“Esse país não é pouca coisa. Eu não sei por que insistem em não acreditar no Brasil”, disse, acrescentando que o país só fica atrás em investimentos diretos da China, Estados Unidos e Rússia.
“Então que loucura dizer que o Brasil não está dando certo. Qual é o problema do Brasil? É que o Brasil ficou grande e você começa a pisar nos adversários. Não é amistoso, é jogo pra valer”, completou.