O presidente Jair Bolsonaro deve anunciar Jorge Oliveira, atualmente ministro da Secretaria-Geral da Presidência, como o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, no lugar de Sergio Moro, que deixou o cargo na última sexta-feira (24).
Fontes do Planalto confirmaram que, depois de muito resistir, Jorge acabou aceitando o cargo na Justiça. Ele era o nome que a família Bolsonaro queria na pasta. Neste sábado (25), ele se reuniu com o presidente na residência oficial do Palácio da Alvorada.
O governo também já se decidiu sobre o novo diretor-geral da Polícia Federal. Vai ser Alexandre Ramagem, atual diretor da Agência Nacional de Inteligência (Abin). A vaga no comando da PF foi aberta depois de que Bolsonaro exonerou o delegado Maurício Valeixo. A saída de Valeixo foi um dos motivos que levaram Moro a deixar o governo, alegando tentativa de interferência política do presidente na PF.
Com essas modificações, Bolsonaro terá duas pessoas próximas a sua família nos dois postos. O pai de Oliveira trabalhou com o presidente quando ele era deputado. O próprio ministro já foi chefe de gabinete na Câmara de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.
Ramagem, delegado da PF, trabalhou como segurança de Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018.
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) disse no sábado que vai apresentar uma ação na Justiça para impedir que Ramagem assuma o cargo, caso ele seja nomeado diretor-geral da Polícia Federal. O deputado lembrou que Ramagem, além de ter chefiado a segurança de Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018, também é amigo dos filhos do presidente.
Inquéritos
A Polícia Federal investiga atualmente, a mando do Supremo Tribunal Federal (STF), um esquema de fake news contra ministros da corte, e parlamentares suspeitos de apoiar atos antidemocráticos, que pregam intervenção militar.
O relator dos inquéritos, ministro Alexandre de Moraes, determinou que os delegados à frente dessas investigações sejam mantidos na função, depois que Moro denunciou que um dos motivos para Bolsonaro ter mudado o comando da PF é um incômodo do presidente com os inquéritos.