Por Zizo Mamede
Até aqui, apenas a revista Carta Capital assumiu a preferência política e eleitoral adotada para as eleições de 2014. Carta Capital era para ser um exemplo de honestidade jornalística, mas é exceção. Carta Capital é exceção da regra. Invariavelmente as grandes redes de comunicação do país tomam partido, tem um lado na disputa política, mas tentam enganar seus ouvintes, sua audiência e seus leitores com uma falsa e impossível imparcialidade.
O mesmo vale para as pequenas e médias empresas de comunicação, comprometidas até a medula dos seus proprietárias e editores com projetos político-partidários. Tentam transmitir uma neutralidade que de fato não existe, não tem como existir, nem tem um porque existir. Não é a toa que perdem credibilidade diante das pessoas mais críticas ou céticas e se contentam em falar para os “catequisados” que já estão do mesmo lado e são correligionários.
O exemplo mais recente do jornalismo desonesto no Brasil é a cobertura que a grande mídia e seus ventríloquos fizeram da Copa do Mundo. Para desgastar o governo federal cometeram atrocidades com os números dos gastos públicos, com os acidentes e com o cronograma das obras. Para derrubar a popularidade da presidenta Dilma Rousseff, a grande mídia e suas correias de transmissão venderam ao mundo e ao povo brasileiro a imagem de um país incompetente, corrupto e caótico. Mal a Copa começou, a farsa patrocinada pela mídia foi vencida pelos fatos.
A festa da Copa vai passar, com seu frenesi, suas lagrimas e suas alegrias e o Brasil vai se deparar com outra festa, turbulenta, insuficiente e cheia de lacunas, de defeitos e suspeitas: as eleições gerais do país, o momento mais forte, a festa da democracia representativa. É uma festa, mas é uma guerra, diferente daquela travada dentro das quatro linhas de um campo de futebol.
É de se pensar que, assim como não dá para imaginar o futebol sem a mídia, imagine as eleições e a democracia sem a mídia? Bem entendido, mídia livre e autônoma, mas nunca a mídia acima do bem e do mal. A mídia, em sentido restrito, a imprensa, um dos pilares da democracia, cumpriria bem o seu papel maiúsculo nas eleições se não tentasse e enganar a população brasileira com a falsa neutralidade. A mídia é formada por grandes e pequenas empresas, com interesses econômicos e políticos.
A mídia disputa uma fatia dos orçamentos públicos vendendo anúncios governamentais, da mesma forma que disputa, por seus representantes, as eleições. Não são poucos os casos de uma mesma família ser proprietária de empresas de comunicação e de editoras que querem vender seus produtos para os governos. Por outro lado é sempre bom lembrar que muitos políticos, com ou sem mandato, são proprietários de emissoras de rádio e TV, de jornais, revistas, blogs e sites.
Jornalismo honesto em todos os meios de comunicação, desde o mais simples blog ou site, dos jornais impressos e revistas, das emissoras de rádio e de TV, mesmo estas últimas sendo concessões públicas. Porque esconder a preferência política e eleitoral é enganar o leitor, o ouvinte e o eleitor. Porque só é possível pretender chegar a uma pretensa verdade sendo parcial e publicando que o é.