Uma parceria visando o desenvolvimento de trabalhos e pesquisas na área de manejo animal na Caatinga está sendo construída entre o Laboratório de Ecologia e Botânica (LAEB) do Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido da Universidade Federal de Campina Grande (CDSA/UFCG) e o pesquisador Geovergue Rodrigues de Medeiros, do Instituto Nacional do Semiárido (INSA).
O pesquisador esteve no CDSA/UFCG participando na última semana de uma banca de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), oportunidade em que foi tratada a parceria com a coordenadora do LAEB, professora Alecksandra Vieira de Lacerda.
“Hoje o LAEB atua em duas áreas de monitoramento, e em uma delas a pretensão é desenvolver o trabalho com animais e um dos fatores complicadores para isso é como manejar os ecossistemas com a presença do animal de tal forma que possamos dar um retorno para o pequeno produtor. Não dá para preservar, deixar intocável o ecossistema, é necessário permitir que pessoas possam usar mas sem retirar a biodiversidade. A parceria com o pesquisador Geovergue é importante já que ele trabalha com a parte animal e associado a essa nossa necessidade para a conservação será positiva do ponto de vista da sustentabilidade”, disse a professora.
“Trabalho com alimentação animal, percebo hoje que somente o componente animal não é o suficiente para manter a sustentabilidade do agricultor e nem do ecossistema (sob o risco de haver uma degradação desse sistema). O agricultor tem que ter uma preocupação hoje com a gestão ambiental muito grande na sua terra. Temos percebido que são realizadas ações muito severas para a produção animal e isso termina taxando o animal como o causador da degradação. Todo mundo pensa que o caprino, o ovino e o bovino são os degradadores do solo, então pergunto, são esses animais ou homem que faz superpastoreio? A grande preocupação hoje é sensibilizar o homem do campo para que ele passe a ter gestão ambiental, não é só desmatar a Caatinga e colocar pasto onde era mata, pois aí vem o grande problema: onde tinha Caatinga colocaram pasto e onde era pasto hoje não tem nada”, falou o pesquisador. “A Caatinga é importante, tem que ser conservada, tem que ser estudada, tem que ser utilizada, mas, de forma mais racional possível”, completou.
“Estamos trabalhando muito do ponto de vista de gestão ambiental que é garantir os recursos do ecossistema, pois se começarmos a usar com intensidade e frequência, o ambiente não aguentará. Temos que pensar em estratégias de manejo de forma que se possa colocar um animal na quantidade, e no fator de intensidade e frequência correta porque senão o sistema entra em desequilíbrio”, acrescentou a professora. “Visualizar essa parceria é muito importante porque queremos contribuir com as dimensões de ensino, pesquisa e extensão, fortalecendo o objetivo muito claro do CDSA que é pensar no semiárido e em desenvolvimento sustentável e isso não é um ponto de vista só de reflexão, mas, para trazermos para a ação efetiva. Essa união ao grupo do INSA na verdade é uma perspectiva muito positiva”, complementou Alecksandra.