LEITE FURTADO

Por Zelito Nunes

“Ruim que só leite furtado”.

Era essa a expressão pra se definir pessoas ruins no meu tempo de menino.

Tempo aliás em que minha mãe tirava o leite das cabras da nossa propriedade, usando uma cuia e com ele fazia os melhores queijos do mundo.

Era um tempo onde “no tempo da maldade a gente nem tinha nascido.

Um tempo em que “roubar” era roubar santo pra se casar, roubar galinhas pra se beber com cachaça, roubar melancia no roçado dos outros e até roubar judas na Semana Santa.

Mas leite?

E do peito das cabras?

Pois é, foi essa história que ouvi recentemente lá nos meus Velhos Cariris.

É que Zé Mago que cria umas cabrinhas de leite lá junto da Prata a minha cidade mãe, acordou cedinho como sempre faz pra tirar o leite das suas cabrinhas.

Mas cadê?

Tava todo mundo de “ubre” seco.

Um “mala” tinha passado mais cedo.

E ” furtou” o leite das cabrinhas de Zé Mago.

Zé Mago inda notou as cabras tudo olhando desconfiadas pra ele.

Coisas de gente nascida depois do “tempo da maldade”.

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