Por Evaldo Costa
A estudante Liliane Coelho Vieira, 17 anos, nascida na comunidade “Cabeça de Boi”, na cidade de Prata, no Cariri paraibano, é uma heroína. Em um país em que a Educação não é prioridade, o feito de Liliane de passar em quatro dificílimos vestibulares para o curso de medicina – três deles em universidades públicas, as mais concorridas – é algo absolutamente fora da normalidade, sendo motivo até mesmo de reportagens na imprensa.
Ela é um daqueles exemplos que tanto gostamos de ver, de que com muito esforço e dedicação, podemos conseguir o que quisermos. Mas não deveria ser tão difícil assim, como também não podemos viver de exceções.
Escolas de boa qualidade tanto de estrutura quanto de ensino deveriam ser ferramentas de fácil acesso à juventude. Esta é uma constatação óbvia não só entre educadores e profissionais da área, mas entre qualquer cidadão que espera o Brasil enfim deslanchar. Segundo o IBGE, 17% da população entre 18 e 24 anos, um contigente de cerca de 4 milhões de jovens, formam um fenômeno estudado por especialistas chamado de “nem nem”: nem estudam nem trabalham. Este é apenas um entre tantos outros dados que facilmente podemos levantar para constatar o desperdício da juventude brasileira.
O cerne do problema está no sistema de financiamento da Educação no Brasil. Estados e municípios arcam com impressionantes mais de 70% dos custos da área. Tal realidade, que compromete o futuro de milhões de brasileiros, continuará tão angustiante como ainda é nos dias de hoje, em pleno 2014, em plena Era da Informação, se nada for feito. Enquanto a União não der uma contrapartida à altura, seremos o eterno País do futuro.
Liliane e sua família estão de parabéns. Estudante de escola pública desde o início de sua vida escolar, só entrou no ensino particular no último ano, no que antecedeu às provas de vestibular. “Não há aquele que não passe, há aquele que desiste”, inspira a caririzeira que passará a frequentar este ano as aulas de medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).