Língua e política – Por Ivan Alexandrino

Para mudar não é necessário uma formalidade, regra ou imposição. Muitas vezes as mudanças ocorrem naturalmente, elas acontecem porque o tempo é o próprio condutor, ou porque o povo decidiu fazê-la.

O processo não é muito simples, mas acontece quando algo que fica velho cede lugar ao novo, até esse novo também ficar velho e novamente surgir outras coisas novas.

Na Língua Portuguesa temos como exemplo algumas expressões, gírias, nada formais, que surgem de acordo com cada período. Quem é dos anos 80 sabe o que significa “mandar brasa”, mas quem é adolescente vai estranhar.

Essas diferenças significam que as mudanças não ocorrem apenas a partir de uma norma culta, formal, editada, igual a mudança ortográfica, por exemplo. Elas surgem também porque a língua é viva, permite que os falantes a modifique sem interferência, sem nenhuma imposição.

Na política também deveria ser assim, mas por que é tão difícil renovar a política no Brasil?

Porque o sistema e as regras estão estruturados, segundo especialistas, para beneficiar quem já faz política e dificultar a entrada dos novatos.

“As estruturas dos partidos são completamente engessadas, hierárquicas e prontas para eleger certas figuras e talvez para trazer um (único) novo nome”, afirma a cientista social e antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, professora da Universidade Federal de Santa Catarina.

A opinião dela se confirmou em alguns municípios do país, que elegeram vereadores de um único partido, ou seja, naquelas cidades, o legislativo perdeu uma outra função a de fiscalizar. E o “novo” que embora esteja na moda não se confirma na prática, porque os hábitos são velhos. E há grandes interesses que esses velhos costumes se mantenham e até se perpetuem.

Então, assim como na língua, onde as gírias surgem naturalmente, tendo os jovens, os adolescentes como protagonistas, que na política as mudanças também ocorram a partir do poder do voto, e nunca do modelo hierárquico já existente.

Vamos adiante porque mudanças serão inevitáveis.

E compreendê-las, tanto na língua como na política, ocorridas naturalmente ou por lei, é sentir de perto a vida em movimento.

(Me. Ivan Alexandrino)

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