Lixo e esgotos residenciais e hospitalares de 21 municípios são jogados dentro dos rios Taperoá e Paraíba e levados diretamente para o açude Epitácio Pessoa, no município de Boqueirão. O Epitácio Pessoa abastece mais de 1 milhão de habitantes de Campina Grande e de vários municípios do Agreste paraibano.
O rio Taperoá tem 150 quilômetros de extensão e é o principal afluente rio Paraíba. Os dois rios se encontram no açude Epitácio Pessoa, que também recebe água poluída dos esgotos de Campina Grande, inclusive com metais pesados advindos de solução de baterias.
A denúncia é do ex-prefeito de Taperoá, Deoclécio Moura (sem partido), um dos poucos políticos do Cariri que se preocupam com o meio ambiente, assim como os ex-deputados Carlos Batinga e Francisco de Assis Quintans.
Deoclécio espera que o Governo Federal libere recursos colocados no Orçamento da União pelo ex-senador Vital do Rêgo Filho para tratamento dos esgotos nas cidades que serão contempladas com o projeto de transposição do rio São Francisco. Segundo ele, de nada adiantará a água do São Francisco chegar ao rio Paraíba se as cidades continuarem jogando lixo, esgotos residenciais e esgotos hospitalares no local.
Deoclécio sustenta que Taperoá ficará isenta de receber água do canal do São Francisco, que será jogada no rio Paraíba poluído, porque a cidade será contemplada pela adutora do Pajeú. A adutora captará água no rio São Francisco para abastecer vários municípios do Sertão de Pernambuco e entrará na Paraíba por Matureia e Teixeira, com destino a Taperoá, por um lado, e a Princesa Isabel, por outro, abastecendo também o Cacimbas, Desterro e Livramento, entre outras cidades.
Deoclécio denunciou o descaso do poder público em relação ao esgotamento sanitário da cidade, que deveria estar 100% concluído. As obras tiveram início no dia 5 de março de 2013 e deveriam ter sido concluídas no dia 5 de março de 2014. “Estamos no dia 1º de março de 2015 e somente 24% das obras foram concluídas”, disse Deoclécio, que percorreu vários pontos da cidade com o repórter para mostrar como estão as obras financiadas pelo PAC 2.
Grande parte da cidade de Taperoá está esburacada há dois anos e a obra quase não andou. Os canos destinados à coleta dos esgotos estão amontoados no parque de exposições do município e muitos já foram roubados. Ao mesmo tempo, o hospital joga os esgotos diretamente no rio Taperoá. O mesmo acontece com os esgotos residenciais e com o lixo. O Governo Federal liberou R$ 8 milhões para a obra, numa parceria com a Prefeitura.
Adelson Barbosa