A ideia de conferir foro privilegiado a Lula por meio da nomeação para a Casa Civil do governo de Dilma Rousseff pode ser classificada de muitas maneiras, menos de original. O expediente de aliviar aliados na mira da Justiça por meio de integrações ao governo foi empregado pelo próprio Lula em 2004, quando ele era oficialmente presidente da República. À época, o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, era investigado por suposta sonegação fiscal e ocultação de crescimento patrimonial. Lula editou, então, uma medida provisória elevando o cargo ocupado por Meirelles ao status de ministro. Com o mensalão a todo vapor no Congresso, os parlamentares aprovaram a MP e o Supremo Tribunal Federal (STF) passou à frente do caso, que acabou arquivado na Corte. (Marcela Mattos e Laryssa Borges, de Brasília, João Pedroso de Campos, de São Paulo)