Por Zizo Mamede
“Ainda bem que eu não sou amigo de Lula” (José Simão)
A grande mídia conseguiu despistar da população o foco inicial da Operação Zelotes, desencadeada para investigar uma grande máfia de empresários e servidores públicos acusados de envolvimento com práticas de sonegação fiscal e corrupção. O trunfo é jogar os holofotes sobre um dos Lulinhas, um dos filhos do ex-presidente Lula, e sobre o ex-ministro Gilberto Carvalho do PT.
Para desviar a notícia sobre essa grande máfia de corrupção no Carf – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a imprensa brasileira conta com a providencial insistência e dedicação da Polícia Federal e da Justiça Federal em esquadrinhar as atividades econômicas de Lulinha da Silva, sobre quem caem desconfianças de traficar influências para beneficiar empresários. Pronto! Levanta a lebre e muda o alvo.
Mas, a lebre levantada com as suspeitas contra Lulinha da Silva visa matar dois coelhos com uma paulada só: livra a cara dos empresários acusados de sonegação por um lado; jogam suspeitas e condena Lula, a família e os “amigos” de Lula por outro lado. O lixamento fica por conta da mídia e dos midiotas apressados.
Claro que nem Lula, nem os filhos ou “amigos de Lula” estão acima da lei. Aliás, só ficava acima da lei, mesmo quem era fora da lei, gente graúda que desfilava desonestidade nos 500 anos de história até a época em que Fernando Henrique Cardoso era presidente do Brasil, tempos em que a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República eram aparelhadas para proteger os amigos do poder. Agora é diferente, principalmente com gente próxima a Luiz Inácio da Silva, de antemão já condenado pela chamada opinião pública.
Quantos brasileiros sabem que a TV RBS, afiliada da poderosa Rede Globo é alvo da Operação Zelotes? Quantas pessoas sabem que o bilionário Jorge Gerdau está nas malhas da Operação Zelotes, acusado por um rombo que pode chegar a 5 bilhões de reais nos cofres públicos? E a Votorantim, Ford, Mitsubishi, BRF, Camargo Corrêa? E os bancos Santander, Bradesco, Safra, BankBoston, Pactual, Brascan e Opportunity? – Para todos esses graúdos, nada de holofotes, mas a proteção das sombras por trás dos holofotes da mídia.
A grande mídia escondeu o quanto pode as ações da Operação Zelotes, que investiga um escândalo maior do a corrupção na Petrobras, alvo da Operação Lava Jato. Quando conseguem suspeitar de Lulinha, filho de Lula jogam todas as luzes e carnavalizam a notícia. Se nada vier a ser comprovado contra o pessoal próximo de Lula da Silva, o objetivo já terá sido alcançado: desgastar a imagem do ex-presidente, o inimigo público número 1 do Brasil.
Mas, neste episódio da Operação Zelotes, as diferenças, as entorses e manipulações da cobertura midiática cumprem um segundo objetivo ainda mais importante porque ideológico: botar na cabeça do povo que corrupção é sempre coisa da política, do Estado e do PT. – Escondem ou minimizam os interesses privados que presidem a histórica prática da corrupção e ainda esvaziam as notícias sobre o cerne da Operação Zelotes: A sonegação fiscal, o roubo do dinheiro dos contribuintes pelos empresários.
Os midiotas, principalmente essa gente de classe média que se auto admira, que se auto nomeiam de opinião pública, em vez de ficarem pasmos com as notícias prontas e escandalizadas, poderiam ser mais maliciosos e mais desconfiados. Poderiam mastigar antes de engolir. Mas não, preferem seguir catequizados pelos barões da mídia, que se divertem muito com tudo isso.