Faleceu na madrugada desta segunda-feira (23), aos 73 anos, o escritor Pedro Nunes Filho, autor do livro “Guerreiro Togado”. Pedro lutava contra um câncer e estava internado no Hospital Português, em Recife. Ele tinha fortes laços com o Cariri paraibano, por ter vários familiares no município de Prata, a exemplo do ex-prefeito Marcel Nunes. Era irmão do poeta e colunista do Cariri Ligado, Zelito Nunes.
Pedro era poeta, escritor, professor, advogado, auditor da Receita Federal, membro do Instituto Geográfico da Paraíba, autor dos livros Caatinga Branca, Guerreito Togado, Cariris Velhos, Mundo Sertão e Criador de cabras da Paraíba. Em 2011 havia sido homenageado pela Assembleia Legislativa da Paraíba com a Medalha Augusto dos Anjos, uma das mais graduadas horárias outorgadas por aquele Poder Legislativo.
Sobre o livro Guerreiro Togado, considerado uma das maiores obras de Pedro, inscreve-se entre os melhores estudos municipalistas nordestinos.
A HISTÓRIA
O promotor Augusto de Santa Cruz Oliveira, acompanhado de 120 homens fortemente armados, acaba de invadir a cidade de Monteiro, no Cariri paraibano. O revoltoso quebrou as portas da cadeia pública, soltou os presos, prendeu os policiais e tomou como reféns várias autoridades, entre elas, o promotor em exercício, Dr. Inojosa, e o prefeito daquela cidade, Coronel Pedro Bezerra da Silveira Leal. Houve resistência, tiroteio e mortes. O juiz e o vigário fugiram.
A população está em pânico. As famílias retiraram-se, abandonando suas casas e seus negócios. Monteiro tornou-se um barril de pólvora. A partir de hoje, ninguém sabe o que pode acontecer.
Este incidente político ocorreu no dia 6 de maio de 1911 e foi noticiado dessa forma pela imprensa da capital.
Há 100 anos, a cidade de Monteiro foi invadida conforme noticiado acima. Aí começou uma guerra que encheu todo o Sertão. Ao mesmo tempo em que Santa Cruz provocava medo, despertava admiração por sua inteligência, oratória, simpatia e, sobretudo, por sua valentia e destemor.
Enfrentou sem medo as forças políticas da oligarquia paraibana, pegou em armas, lutou, tentou mudar, nada conseguiu, a não ser respeito e admiração por enfrentar corajosamente um exército composto por 500 homens das polícias da Paraíba e de Pernambuco que atacaram sua Fazenda Areal, onde havia construído sua fortaleza para resistir, acompanhado de 120 homens e tendo como trunfo cinco autoridades que prendeu e levou consigo em sua fuga para o Juazeiro do Padre Cícero.