Por Zelito Nunes
Já falamos desse gênio da caatinga por aqui. Morava em Brasília, aposentado da construção civil onde, aos sessenta e poucos anos, foi atropelado e morreu longe da sua pátria Ouro Velho. Marcílio foi tudo na vida, inclusive cantador de viola.
Na sua fase de cantador de viola, uma noite cantava na Prata com o grande poeta local Jurandir Tembório. Estavam cantando um mourão. Marcílio começou:
Já passou da meia noite
e o galo já cantou …
Nisso foi entrando no recinto um soldado desmantelado e horroroso, chamado Bianor. Bianor era branco, alto, gordo, sem pescoço e ainda tinha o nariz comprido. A barriga sobrava dentro da túnica caqui surrada. Bianor era um cabra muito feio, parecia um pote de barro cru. Mas era soldado de polícia, era autoridade.
Jurandir continuou o mourão, saudando o recém chegado:
E quem está chegando agora
é o soldado Bianor
E Marcílio:
Ele está fazendo a ronda
Quem tiver menino esconda
Que o papafigo chegou.
Bianor, atingido na sua vaidade e autoridade, deu voz de prisão a todos dois.