O Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público denunciou à Justiça o radialista Fabiano Gomes, preso no dia 10 deste mês durante a 8ª fase da Operação Calvário, desencadeada pela Polícia Federal. Ele é acusado de tentar extorquir e constranger possíveis alvos da investigação, sob o pretexto de que teria proximidade com autoridades que coordenam os trabalhos. Uma das vítimas, de acordo com o Ministério Público, teria sido o empresário Denylson Oliveira Machado – sócio-majoritário do Paraíba de Prêmios.
A pressão e as ameaças teriam começado a partir da recusa do pagamento de anúncio publicitário a um programa jornalístico do radialista. Denylson teria considerado o valor exigido “exagerado”. Em troca do anúncio, Fabiano teria prometido “blindar” o empresário na Justiça e na imprensa quanto as denúncias envolvendo o nome dele na Operação Calvário.
“Nessa oportunidade, mais precisamente, no dia 30 de dezembro de 2019, o indigitado denunciado renovou seus diálogos com o citado empresário, passando, em tom de ameaça, a ideia de que possuía “degravações” prejudiciais a ele (DENYLSON), supostamente colhidas de um “ex-chefe de transportes do Governo do Estado” e que esclareceria a sua sociedade oculta com Coriolano Coutinho (irmão do ex-governador Ricardo Coutinho). E mais: para dar fidedignidade às suas informações, e incrementar um sentimento de intranquilidade (sentido e revelado) na vítima, certamente causado pela iminência de uma medida de constrição em seu desfavor, chegou o réu a mencionar que havia recebido, levianamente, esse “elemento de prova” do DPF Fabiano Emídio de Lucena Martins”, relata a denúncia.
Os promotores do Gaeco ainda assinalam que as “atitudes como as vistas, repita-se, de busca por “alvos”, de insinuações de poder e influência, no contexto de investigação em curso, já sensível por lidar com atos praticados por membros de apontada Organização Criminosa, podem precipitar estratégicas, máxime quando
usados canais de comunicação em massa. E isso embaraça, perturba o andamento de qualquer procedimento de investigação”.
Fabiano Gomes chegou a passar 10 dias preso, temporariamente. A prisão foi determinada pelo desembargador Ricardo Vital, relator da Operação Calvário. O blog ainda não conseguiu contato com a defesa do radialista. Após a prisão, os advogados dele divulgaram uma nota em que afirmam que o radialista “esteve e sempre estará à disposição da Justiça para colaborar com todos os atos da investigação e esclarecer os fatos com a verdade”.
A 8ª fase da Calvário
A 8ª fase da Operação Calvário foi deflagrada no dia 10 deste mês pela Polícia Federal na Paraíba e pelo Gaeco, com apoio da Controladoria Geral da União – CGU. A operação culminou na prisão do radialista Fabiano Gomes e no cumprimento de nove mandados de busca e apreensão nas residências dos investigados, e no Tribunal de Contas do Estado da Paraíba. A última fase da operação aponta o envolvimento da Lotep no esquema criminoso de desvio de recursos.