Por Nal Nunes
Jorge Araújo nasceu em Monteiro, no Sítio Bom Jesus, porém casou-se com a professora Azinha e ainda moço foi morar no vizinho município de Prata, onde tiveram uma numerosa família. O tempo aqui nos Velhos Cariris não andava muito bom e o casal resolveu arriscar o futuro na próspera cidade de Paulo Afonso-BA.
Lá chegando, Jorge Araújo que já demonstrava aptidão para o comércio, resolveu instalar um comércio de tecidos para manter a grande família. Sempre estimulado pela fiel esposa que, além de muito prendada a família, era uma católica praticante, dessas que cultuava com muito fervor os ensinamentos da Igreja.
Dia do aniversário de Jorge Araújo, Dona Azinha resolveu lhe presentear com o famoso quadro de Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Ela como professora sabia que se tratava da famosa obra, no entanto, entregou o presente sem fazer nenhum comentário, não disse de quem se tratava.
Passadas algumas semanas, anos, Jorge Araújo que passou a venerar aquela imagem com muita fé, diariamente se ajoelhava aos pés da “Santa”, acendia vela e fazia várias orações. Isso tornou-se uma rotina sob o olhar de toda família que não ousava contraria-lo. Dizer a verdade a Jorge Araújo àquela altura seria causar uma grande decepção. Deixaram correr frouxo.
Até que um dia, diante da situação difícil em que se encontrava o comércio de Jorge Araújo, ele resolveu fazer uma promessa a sua venerada Santa. Ao amanhecer, lá estava ele, de joelhos, acedendo uma caixa de velas, com as mãos-postas e olhar suplicante, pedindo alívio da crise financeira que passava, quando foi interpelado por Dona Azinha.
-Mais Jorge, não faça isso não! Isso é uma blasfêmia, ela não é a santa que você pensa que é, isso é o quadro da Mona Lisa de Leonardo da Vinci…!
-Ô Azinha, e quem besta fera é essa?
-Ela pode parecer, mas não é santa Jorge, me perdoe porque não disse antes…
-Pois eu já fiz muita promessa e acendi muita vela prá essa rapariga pensando que era Santa Terezinha.