Maura Rafael de Andrade fez aniversário em 15 de janeiro e teve que adiar a celebração do seu centenário por causa da pandemia. Ela recebeu a dose, nesta sexta, 29, em Recife.
“Sinto muita saudade de ver minhas amigas. De sair, de receber gente em casa. Aqui, no Recife, tenho muitos amigos. O que me dói mais é não poder vê-los, mas a vida é para se viver, só que o povo só quer escolher. A gente não escolhe, o que aparecer a gente agarra”.
Lúcida e praticante de ginástica, dança e bordado, ela não conseguiu celebrar o centenário de vida do jeito que gostaria, com os filhos, netos e bisnetos, por causa da pandemia. Ela tomou a vacina nesta sexta-feira, dia 29, duas semanas após o seu aniversário, e apesar de não ter festa, considera a vacina como um dos maiores presentes que já recebeu. “Me sinto muito bem. Tudo vem sempre para melhor. Foi um presente”, disse.
Dona Maura fez 100 anos no dia 15 de janeiro. Natural de Monteiro, na Paraíba ela morou em Pernambuco e no Rio de Janeiro, com o marido. Viúva, atualmente, reside em Recife, com os filhos.
Os familiares dela agendaram a vacinação para as 14h desta sexta, no Geraldão, na Imbiribeira, Zona Sul do Recife. Ela foi até o local com a cuidadora, Edilene Batista, e o filho, Roberto Andrade, e recebeu a dose sem sair do carro.
Animada, ela sempre gostou de receber amigos e viajar para a casa das filhas no Sudeste. Em 2020, entretanto, viu a vida virar do avesso com as restrições da pandemia e com a morte de um filho, devido a um infarto fulminante.
“Para mim, está sendo horrível, porque está todo mundo preso. A gente trancado é horrível. Quando eu vinha para o Recife, sempre recebia muitas amigas, muitos familiares. Ia fazer minha festa de 100 anos, mas não pude, não teve condições”, disse.
Mesmo diante das dificuldades, dona Maura se apega ao espírito festeiro e afetuoso que tem. Seu principal passatempo é a dança, que ela garante praticar com a maior frequência possível.
“Se tiver uma festa e não tiver uma dança, eu nem vou. Comer, eu como em casa. Mas se tiver uma festa com dança, eu nem como, que nem dá tempo, de tanto dançar. Danço de tudo. No meu tempo, eram danças chiques, uma valsa, danças clássicas. Mas o que tiver eu danço”, brincou.
A epidemiologista Vera Andrade, filha dela, não vê a mãe há um ano. Ela e os familiares se reuniram pela última vez no início de 2020, para o aniversário de 99 anos da matriarca.
Eles até chegaram a comprar as passagens de avião para vir ao Recife, para celebrar o centenário, mas, com a piora da pandemia, tudo precisou ser cancelado.
“Na cabeça, ela tem 50 anos. Anda, dança, ama dançar. Organizamos férias para ir para a festa de 100 anos, mas a situação ficou grave. Fizemos uma festa à distância. Organizamos uma missa na casa dela, fizemos uma coletânea com mais de 350 mensagens para ela ler num caderno e centenas de fotos para ela ver. Em todas, ela está com alguém do lado, ou são fotos do meu pai e do meu irmão. Foi muito emocionante”, afirmou Vera Andrade.
Cuidadora de dona Maura, Edilene Batista diz que a centenária é uma boa companheira. “Ela não dá trabalho. É muito animada, faz tudo, gosta muito de dançar”, disse.