Talvez hoje ao ler este artigo, você estranhe por não me reportar a temas polêmicos habituais, por não puxar sua orelha ou falar as verdades que alguns políticos não querem ouvir. Hoje quero apresentar – para quem ainda não conhece – uma terra de encantos e beleza, consagrada pela cultura poética de seus filhos; uma cidade de brilho e riqueza, hoje ainda mais agraciada pela natureza. Eu vos apresento Monteiro, cheia de contos espalhados por suas largas ruas, narrados pelo idoso que se senta na calçada e pala criança que aprende a escrever: todos eles têm uma história para contar e que todos precisam conhecer.
Monteiro é o orgulho de seus habitantes. É a maior cidade em extensão territorial da Paraíba, cortada pelo que rio que dá nome ao Estado e que agora volta à vida com a chegada abençoada e esperada das águas límpidas do Rio São Francisco que, hoje, ‘lavam a tristeza’ um dia notada no rosto de um povo que, há tempos atrás, não via um chuvisco. Nossa terra se encheu de esperança assim como as nascentes desse rio. No momento inesperado da chegada das aguas, veio um arrepio que tomou conta de todos os munícipes e um grito estridente de alívio ecoou pelas avenidas da cidade. Nos quatro cantos do país ouviu-se que Monteiro ressurgia a partir dali.
É difícil falar de Monteiro e não citar o seu povo. Esta terra é berço de ministros, cantores, compositores…, uma cidade que inspira a poesia. E por falar em poesia, falar de Monteiro é citar de um seus filhos mais ilustres, afinal quem nunca – ao sentir saudade – declamou aquela frase: “saudade de amor ausente, não é saudade, é lembrança. Saudade só é saudade quando acaba a esperança.” Essa expressão genial partiu da mente brilhante da “cascavel do repente”, o nosso imortalizado poeta cantador Pinto do Monteiro. E se você acha que a poesia em Monteiro se finda por aqui é porque nunca andou por essas ruas – talvez nunca tenha apreciado um por do sol lá na Serra do Peru, onde tudo é mais bonito, onde o céu é mais azul.
Os filhos dessa terra são grandes e de todos os tipos, vai de D. Maria – que lá do mutirão encanta os vizinhos com sua alegria enquanto vai dando jeito na casa, que é pequena, simples mas muito acolhedora, entoando em alto e bom som as músicas de Flávio José que escuta pela rádio da cidade, sem esquecer de dizer num intervalo: “Eita que quando Flávio canta, me lembro logo de Zé” – ao Sr. Antônio que mora no sítio Pitombeira e que todos dias, ao nascer do Sol, se levanta com a certeza que terá um dia difícil pela frente, mas que com a graça de Deus ele vai enfrentar e que ao cair da noite vai voltar para casa com a certeza do dever cumprido.
Isso sem contar os grandes compositores. Aqui vou representá-los nas pessoas de Nanado Alves – que colore a saudade com um lápis de cor – e de Ilmar, que quando diz essa mulher guerreira tão hospitaleira é uma dama da roça, retrata Dona Josefa lá de Santa Catarina. São dessas pessoas que eu gosto de falar, da nossa gente que senta no batente da calçada ‘de tardezinha’ para tomar uma xícara de café, proseando com o vizinho sobre os mais variados assuntos, do jogo de bola das crianças ali em frente às delações da Lava Jato. O povo daqui é assim: “vai de um canto a outro sem levantar do batente”.
Monteiro é uma cidade hospitaleira num cantinho escolhido por Deus, no Cariri. E apesar de sua história ser muito contada, hoje eu quis mostrar a cidade de Monteiro aos meus olhos, pela ótica de quem vem de fora e escolhe essa terra pra morar. Se bem eu não escolhi Monteiro, na verdade foi Monteiro que me escolheu. Aos filhos de berço eu faço um pedido, respeitem essa terra que tanto nos dá. Entendam que para que as coisas aqui aconteçam, nós precisamos lutar – nada surgirá apenas da boa vontade. Mas nossa gente tem um histórico de luta, de garra, de solidariedade, que precisa ser mantido, respeitemos nosso patrimônio – seja ele histórico, natural e, principalmente, respeitemos uns aos outros, os que vêm que fora, os de dentro, os que vêm pra ficar ou a passeio… Nossa gente tem muito pra mostrar e Monteiro tem muito a ofertar. E se você ainda não conhece o nosso amor primeiro, seja bem vindo à cidade de Monteiro.
Foto: Asley Ravel