O cantor Jair Rodrigues morreu na manhã desta quinta-feira (8), aos 75 anos, em sua casa em Cotia, na Grande São Paulo. A assessoria de imprensa do artista confirmou que ele foi para a sauna de sua casa na noite da quarta-feira e não saiu mais de lá. A família só encontrou o corpo por volta das 10h.
A causa da morte ainda é desconhecida. O corpo está no local e vai passar por exames da perícia. Ainda não há informações sobre velório. Rodrigues deixa a mulher Clodine, dois filhos (os também cantores Luciana Mello e Jairzinho) e três netos, que estão reunidos na casa do artista. Parentes e amigos, entre eles o cantor Simoninha, filho de Wilson Simonal, também chegaram para confortar a família.
Ainda de acordo com sua assessoria, Jair Rodrigues não apresentava problemas de saúde e cumpria normalmente a agenda de shows. A última apresentação fez foi no dia 5 de abril no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, com ingressos esgotados.
Jair Rodrigues ficou conhecido por seu maior sucesso, “Deixa Isso Pra Lá”, considerado o primeiro rap brasileiro, e pelas parcerias com Elis Regina no programa de TV “O Fino da Bossa” e nos álbuns “Dois na Bossa”.
Jair, filho da bossa e do samba
Jair Rodrigues de Oliveira nasceu no dia 6 de fevereiro de 1939 em Igarapava, interior de São Paulo. Ele iniciou a carreira musical nos anos de 1950 e, na década seguinte, atingiu o sucesso em programas de calouros na televisão.
Em 1964 gravou seu disco de estreia, “Vou de Samba com Você”. Duas canções da época, “Brasil Sensacional” e “Marechal da Vitória”, embalaram a vitória da seleção brasileira de futebol na Copa do Chile. Em 1964, veio um de seus maiores sucessos, “Deixa Isso Pra Lá”, que cantava até hoje nos shows e participações de TV.
Ao lado de Elis Regina, Jair Rodrigues se tornou um dos grandes nomes do samba ao participar do notório “O Fino da Bossa”, programa da TV Record que foi ao ar entre 1965 e 1967.
Com jeito brincalhão de malandro e voz potente, Jair ficou nacionalmente conhecido através dos duetos com a “Pimentinha”. O trabalho rendeu três discos: “Dois na Bossa” nos volumes 1, 2 e 3, gravados ao vivo. Na época, foi um dos primeiros registros a atingir mais de 1 milhão de cópias.
A interpretação de Jair ganhou dimensão que ressoa até hoje principalmente com a canção “Disparada”, de Geraldo Vandré e Théo de Barros. A canção sertaneja foi sensação no Festival da Música em 1966, principalmente pelo fato de Jair ter ficado conhecido como um artista do samba. “Disparada” acabou empatada com “A Banda”, de Chico Buarque.
Realizou turnês pela Europa, Estados Unidos e Japão. Em 1971, gravou o samba-enredo “Festa para um Rei Negro”, da Acadêmicos do Salgueiro.
Carismático, Jair Rodrigues revisitou o disco “Dois na Bossa” no palco dedicado a Elis Regina na Virada Cultural de 2012, em São Paulo. Na ocasião, ele afirmou que Elis havia sido um “grande amor”. Ele voltaria a relembrar da época ao assistir o espetáculo “Elis, a Musical”, em cartaz. Jair assistiu o musical em março, aplaudiu de pé e acabou homenageado pelo público.
Em julho do ano passado, Rodrigues se viu envolvido em uma polêmica após aparecer em Brasília ao lado de artistas que se declaravam contrários à aprovação de um projeto de lei que criou regras mais rígidas para o funcionamento do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição). Posteriormente, o cantor negou ao UOL que estivesse do lado do Ecad: “Eu não represento o Ecad e o Ecad não me representa”, disse.
O último trabalho, o disco duplo “Samba Mesmo”, é uma homenagem do cantor ao samba e à seresta, e foi lançado em fevereiro.