O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse em entrevista à revista “Veja” que o governo federal vai comprar a vacina do laboratório chinês Sinovac, desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo.
“Lógico que vai”, afirmou Mourão, contrariando o que o presidente Jair Bolsonaro tem dito sobre o tema. Na entrevista, o vice reduziu a polêmica sobre a “vacina chinesa” a uma briga política entre Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
“Essa questão da vacina é briga política com o Doria. O governo vai comprar a vacina, lógico que vai. Já colocamos os recursos no Butantan para produzir essa vacina. O governo não vai fugir disso aí”, disse Mourão à “Veja”.
As vacinas relacionadas à Covid-19 seguem em fase de estudos e, por isso, nenhuma delas tem aprovação para uso na população geral. Nesta quarta (28), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a importação de matéria-prima para que o Instituto Butantan produza 40 milhões de doses da CoronaVac.
Na semana passada, a Anvisa já tinha liberado a importação de 6 milhões de doses da CoronaVac, que já virão envasadas e prontas para o uso. A aplicação, no entanto, só será autorizada depois que os estudos forem concluídos – e se as conclusões forem positivas.
Na entrevista à revista “Veja”, Mourão afirmou não ter receio de tomar vacina que venha da China. “Desde que esteja certificada pela Anvisa. Não tem problema nenhum”, afirmou.
Bolsonaro x Doria
No último dia 21, Bolsonaro publicou em rede social: “Não compraremos a vacina da China”. No mesmo dia, disse que o governo estava em busca de uma “vacina confiável”, e que o resto era “jogo político”.
Horas antes, o Ministério da Saúde havia anunciado a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac. O ministério chegou a alterar um comunicado divulgado na internet, trocando a “aquisição das doses” pela “possível aquisição”.
Doria, que estava em Brasília no dia das mensagens de Bolsonaro, afirmou: “A vacina é que vai nos salvar, que vai salvar a todos. Não é ideologia, não é política, não é processo eleitoral que salva, é a vacina”.
O mesmo acordo para as 46 milhões de doses, anunciado e depois retificado pelo Ministério da Saúde, já havia sido assinado entre o governo de SP e o laboratório Sinovac.
O contrato previa que SP recebesse 6 milhões de doses já envasadas e material para fabricar outras 40 milhões em solo brasileiro. Ao rejeitar a “vacina chinesa”, Bolsonaro não explicou a quais doses se referia. Doria tem dito que os acordos fechados em SP estão mantidos.