Por Zelito Nunes
Um velho coronel, lá dos confins do sertão do fim do mundo, tinha uma fazenda grande e uma “casa na rua” pra passar fim de semana e festas da padroeira.
Isso era lá pro lado de Salgueiro, no sertão pernambucano.
Pois bem, estava lá o coronel, passando mais um fim de semana, quando começou um forró num beco do lado da sua casa.
A noite foi avançando e o forró esquentando, com o barulho aumentando.
O coronel, sem poder dormir, chamou um cabra do seu serviço:
– Chiquinho, vai ali e acaba esse forró, agora.
Chiquinho foi e, com pouco, estava de volta. E o forró lá.
– Como é, Chiquinho, acabou não?
– Deu não, coroné.
Chama Luizão:
– Luizão, vai ali e acaba com esse forró, se for preciso, quebra o pau.
Luizão vai lá e volta desconfiado.
– Deu não, coroné, deu pra acabar não.
O coronel se arreta:
– Será possível que não tem homem aqui?
Chama Mata-Sete (que era o tampa da cambada):
– Mata-Sete, vai ali naquele forró, mete bala, rasga a sanfona, apaga o candeeiro e bota tudo pra correr. Sou eu que tô mandando.
Mata Sete vai e volta no mesmo pé, desconfiado, com a cabeça baixa. E o forrozinho lá, que nem se abala.
Aí o coronel se arreta:
– Será possível que eu tenha que ir pessoalmente acabar com esse forró?
– Mata-Sete, perdeste a valentia? Viraste mulé?
E Mata-Sete:
– Foi não, coroné, sabe o que é?
– Sei não, diga logo, cabra frouxo.
– O senhor sabe quem tá tocando na zabumba?
– Sei não, e quem é? É o Satanás?
– É não, coroné, é pior: é o capitão Virgulino Lampião…