Por Ramalho Leite
Fundado em 7 de setembro de 1905, na Parahyba, capital da Parahyba do Norte, o Instituto Histórico e Geográfico Paraibano nasceu da iniciativa de Irineu Pinto, Coriolano de Medeiros, Flávio Maroja, Tavares Cavalcanti, Seráphico da Nóbrega, Castro Pinto e outros, tendo o incentivo do presidente do Estado, o engenheiro Álvaro Lopes Machado. Por vinte longos anos, o Instituto foi dirigido por Flávio Maroja e tornou-se desde então, a Casa da Memória da Paraíba. Antes da sua fundação, o que se conhecia das nossas origens era disperso, e trabalho de historiadores de outras plagas. A busca de nossas raízes, segundo o saudoso confrade Luiz Hugo Guimaraes, surgiu com os estudos e pesquisas dos fundadores desta Casa, acrescidos, por exemplo, dos trabalhos de Irineu Joffily (Notas sobre a Parahyba) e Maximiliano Machado (História da Província da Parahyba).
O nascimento de uma historiografia eminentemente paraibana teve sequência com os bananeirenses Alcides Bezerra e Oscar de Castro, além de Francisco Coutinho de Lima, Antonio Freire, Celso Mariz, Clovis dos Santos Lima, João Lelis, Lira Tavares, José Américo de Almeida, Humberto Nobrega, Joacil de Britto Pereira, Horácio de Almeida, José Leal, Luiz Pinto, Rodrigues de Carvalho e tantos outros, já substituídos por historiadores renomados e ainda hoje produtivos como Wellington Aguiar, Guilherme D`Ávila Lins, José Octávio de Arruda Melo, Humberto Melo, Humberto Fonseca Lucena, Manoel Batista de Medeiros, Flávio Satyro, Osvaldo Trigueiro do Vale, Luiz Nunes Alves, José Nunes, Natércia Suassuna, Glauce Burity, Renato Cezar Carneiro e tantos outros não menos ilustres, que, capitaneados pelo Presidente Joaquim Osterne Carneiro, ocupam as cinquenta cadeiras deste sodalício.
O Instituto guarda mais de trinta mil títulos em livros, jornais e até folhetos. Disponibiliza ainda uma Coleção de Obras Raras com cerca de novecentas peças, nacionais e estrangeiras, publicadas nos séculos XIX e XX. Adicione-se a tudo isso, trinta e dois mil documentos impressos e manuscritos, que se prestam à pesquisa da nossa história desde o período colonial aos nossos dias.
É nesta Casa da Memória da Paraíba, depositária da inteligência e cultura de centenas de paraibanos que se dedicaram à sua história e a preservá-la com expressivas publicações, que peço permissão para tomar assento, na Cadeira 45, que tem como patrono Osvaldo Trigueiro de Albuquerque Melo e fundador Dorgival Terceiro Neto.
Não devo ser rotulado de historiador. Sou, porém, um amante da história, e, como paraibano, leio com avidez tudo que se escreveu ou se escreve sobre nosso passado. Uma única incursão minha na pesquisa histórica resultou em breve notícia acerca da vida e obra de Solon de Lucena, tornada publica por ocasião das comemorações do seu centenário. Na publicação, fui honrado com a companhia de José Octavio de Arruda Melo, Humberto Lucena e Joacil de Britto Pereira, sendo nossos trabalhos enfeixados sob o título “Solon de Lucena- Democracia e Década de Vinte na Paraíba”.
Mais jornalista que advogado, mais político que escritor, sirvo-me das páginas dos jornais para passar aos meus parcos leitores a experiência do passado e os acontecimentos políticos que vivi ou me foram contados. Essa minha atuação, mesmo modesta, serve à memória da Paraíba e se destina a evitar a repetição de resultados duvidosos. Estou preferindo sempre escrever sobre o passado, até porque, seus personagens já desapareceram e, em consequência, nada reclamam nem têm direito de resposta.
Pela generosidade dos que compõem esta vetusta instituição, ao me elegerem como sócio efetivo, chego para servir e aprender. (do meu discurso de posse no IHGP).