OLHO VIVO

DEFUNTO VOTA?

Por Simorion Matos
Em comentário sobre a coluna passada, o leitor Alexandre Campos comentou que em eleições passadas eleitores já falecidos votavam e o esquema fraudulento era montado por governistas que ditavam as regras das eleições. Com todo respeito à opinião do leitor, posso atestar que em inúmeras campanhas que participei ativamente nunca tive conhecimento de que defuntos tivessem votado. Tivemos em Monteiro campanhas com resultados apertados ou bastante folgados, a exemplo da vitória de Arnaldo Lafayette para Antenor Campos por apenas 25 votos em 1968 e da diferença de 3.500 votos em 1982, na vitória de Antônio de Sousa Nunes diante de Josa Leite. Mas tudo isso com voto de vivos.

SE DEFUNTO NÃO VOTA, MAS ESTUDA

Se desde 1968 não se registrou votação além túmulo em Monteiro, recentemente surgiram denúncias de defuntos estudando, pelo Brasil afora. Uma auditoria da CGU – Controladoria-Geral da União constatou que através do Prouni (Programa Universidade para Todos) o governo federal concedeu e pagou bolsas a alunos já mortos. Além disso, outros beneficiados estavam foram da faixa de renda indicada e alguns continuavam inseridos como recebedores de bolsas, mesmo com o curso concluído.

O mais grave é que um deles morreu antes de se tornar bolsista do Prouni. Isto, na era do voto eletrônico e das altas tecnologias de comunicação e de fiscalização.

NÃO VAI DAR 

Ao ser entrevistado na Rádio 104 FM, o Coordenador da Parada Gay em Monteiro, Mercinho, informou que a realização do evento dependeria de uma autorização do Ministério Público e da Igreja Católica, a quem seriam enviados ofícios sobre o assunto.

Na mesma tarde da entrevista o padre José Marcos, vigário da Paróquia de Monteiro, emitiu sua posição afirmando que a Igreja não aprovaria o encontro, o que desanimou bastante os simpatizantes da causa.

Se depender da Igreja, portanto, a parada em Monteiro não vai dar.

Já existem sugestões para que os festejos sejam transferidos para Sumé ou Serra Branca.

CINQUENTONA

Quando se fala bastante na regularização das cinquentinhas, as motos, desejo aproveitar para transmitir os votos de parabéns à cinquentona Rosemere Matos, minha esposa e amiga, que neste 28 de maio soprou mais uma velinha.

Que o Poder Superior lhe conceda mais 50, sempre com o carinho da família e construindo amizades.

UMAS & OUTRAS

Abelardo Pereira dos Santos, funcionário do Banco do Brasil, era um poeta altamente sentimental e sonetista de primeira. Teve publicado o livro O VALE DAS CRENÇAS MORTAS.

Boêmio extremamente vaidoso, andava bem vestido, impecavelmente, de paletó e gravata. O cabelo, tratado com brilhantina Glostora. O perfume preferido, Madeira do Oriente.

Nas mesas de bar, sempre rodeado de amigos e colegas de farra, gostava de recitar seus poemas.

Certo dia, o poeta da saudade convidou este escrevinhador e o compositor José Marcolino para tomar umas cervejas na sua chácara, localizada na Rua da Várzea. Chegamos ao Feliz Retiro, como orgulhosamente Abelardo denominava o seu habitat, e logo na primeira cerveja o poeta nos apresentou o seu soneto mais recente: A fogueirinha.

Depois de ouvir o soneto, Zé Marcolino vibrou:

– Bonito, poeta.

Já íamos tomando meia dúzia de cervejas, quando Abelardo pediu à sua esposa:

– Seba, ajeite aí um tira gosto para os poetas.

Dona Seba, que estava com raiva porque tinha tomado conhecimento de uns “namoros” do marido, fez que não ouviu.

Abelardo ainda renovou o pedido do tira gosto, mas não foi atendido.

Com raiva, mas sem querer discutir com a esposa, o poeta, com os olhos cheios de lágrimas, foi à porta da cozinha e, dirigindo-se ao seu amigo e fiel escudeiro Braz Pescador, que estava no roçado da chácara catando uns umbus, deu a ordem, em tom de vingança:

– Ou Braz, se tu encontrar por aí uma marrã de cascavel, não mate não, que eu estou criando e cevando pra ela morder Seba.

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