POR RAMALHO LEITE
Nunca falta assunto quando se trata de lembrar a memorável campanha de 1950 quando os dois maiores chefes políticos da Paraíba, José Américo e Argemiro de Figueiredo, enfrentaram-se na disputa pelo governo do Estado. Venceu o primeiro. Fatos inusitados foram registrados.
O presidente da Assembleia, João Fernandes de Lima fora eleito vice-governador e o primeiro vice-presidente, Pedro Augusto de Almeida, falecera antes de terminar o mandato. Chamado à sucessão, o segundo vice, deputado Tertuliano de Brito, foi encarregado de dar posse e transmitir o governo ao eleito José Américo. O governador José Targino, derrotado nas urnas, não compareceu ao evento.
De lá para cá, minha memória repassa outros fatos semelhantes, mudando, apenas, os personagens. Wilson Braga deixou o governo nas mãos de Milton Cabral, para ser candidato ao Senado. Seu candidato era Marcondes Gadelha e a oposição elegeu Tarcísio Burity. Na hora de transmitir o cargo ao sucessor legitimamente eleito, estava lá de prontidão o desembargador Luiz Silvio Ramalho, Chefe da Casa Civil, que leu o ato de transmissão do cargo em palanque armado em frente ao Palácio.
Burity deu o troco. Apoiou João Agripino Neto para governador e este, no segundo turno, formou ao lado de Ronaldo Cunha Lima. Esse reforço derrotou Wilson Braga que tentava voltar ao poder. A decisão de João e seus seguidores, inclusive eu, contrariou Burity, que preferia apoiar Braga. “A gente já conhece os defeitos dele”, dizia, “Ronaldo é uma incógnita”. Terminado o seu governo, no último dia, Burity me chama e dá a missão: “procure o deputado Carlos Dunga, presidente da Assembleia. Vou passar o governo para ele e ele transmite o cargo a Ronaldo”. E assim foi feito.
Não sei a partir de quando surgiu essa solenidade de “passar a faixa”. O que sai, entrega aquela faixa vermelha e preta ao que entra. Até os prefeitos já adotaram a cerimônia. O ato é constrangedor para quem entrega, caso tenha sido derrotado pelo que recebe. Foi por essa razão que o governador Roberto Paulino mandou avisar que não iria ao palanque, mas faria a transmissão do cargo, em seu gabinete, discretamente. Que eu me lembre, além do governador Cassio Cunha Lima e do ex-Roberto Paulino, somente eu, o suplente de senador Fernando Catão e o cerimonial estávamos presentes. A chefe do cerimonial enfaixou o novo governador. Paulino, educadamente, cumprimentou a todos e se retirou pelos fundos do Palácio, por onde n&oa cute;s t odos tínhamos entrado. Os fotógrafos registraram o ato solene.
Depois que surgiu a reeleição, ficou a cargo do cerimonial colocar a faixa no empossando. Não lembro, porém, quem colocou a faixa em Ricardo Coutinho em 2011. Mas garanto que não foi José Maranhão, que perdera para ele. Ah! Lembrei. O vice-governador Luciano Cartaxo compareceu, discretamente, e oficializou a transmissão do cargo.