O padrasto da criança de 5 anos morta na cidade de Sumé, no Cariri da Paraíba, seria fugitivo da cadeia pública de Rio Tinto, localizada no Litoral paraibano. A informação é de um dos delegados responsáveis pelo caso, João Joaldo. De acordo com o delegado, o suspeito estava preso em Rio Tinto asob suspeita de ter cometido um latrocínio em 2007. O homem é um dos suspeitos também da morte da criança que teve o corpo encontrado na manhã da terça-feira (13) em um matagal na cidade de Sumé, no Cariri paraibano.
“Descobrimos no decorrer das investigações (da morte da criança) que ele é fugitivo da cadeia pública de Rio Tinto. Há cerca de 8 anos, ele cometeu um latrocínio naquela cidade contra um idoso”, disse o delegado.
Ainda de acordo com João Joaldo, o suspeito teria apresentado um nome falso após ser preso por conta da morte do menino em Sumé. Segundo o delegado, o padrasto da criança deve responder agora por vários crimes, como latrocínio, homicídio e falsidade ideológica.
“Ele é fugitivo da cadeira de Rio Tinto. Além do latrocínio, ele vai responder por outros crimes também, como se identificar de maneira falsa e também fazer denúncia caluniosa, imputando um crime a uma pessoa inocente”, disse o delegado, referindo-se ao deficiente mental que chegou a ser apontado como suspeito do crime e que foi encontrado morto na sexta-feira (16) dentro de uma cela no do complexo penitenciário PB1, em Jacarapé, em João Pessoa.
Além do latrocínio, da fuga da cadeia pública e de ter informado o nome falso, o padrasto da criança também é suspeito de ter agredido uma companheira na cidade de Areia, no Brejo paraibano. Segundo a polícia, após fugir de Rio Tinto, ele morou por um tempo em Areia, quando teria conhecido a mãe da criança encontrada morta.
“Antes de vir para sumé, a informação que nós tivemos é que ele estava em Areia. Conviveu com uma pessoa lá, inclusive teve um filho. A gente tem informação também que ele agrediu fisicamente essa companheira em Areia. Nós vamos tentar identificar também a companheira dele na cidade de Areia, na tentativa de instaurar um novo procedimento. É possível ainda que ele possa ter cometido outros crimes. Não vamos descartar”, explicou.
O delegado explicou ainda quais serão as providências tomadas a partir de agora. Segundo ele, um novo inquérito vai ser instaurado.
“A polícia vai instaurar uma nova investigação para que a gente possa fundamentar mais esse inquérito com outras provas, outros depoimentos, que confirmem a identidade verdadeira dele. Vamos fazer contato com a comarca de Rio Tinto informando que ele foi preso por conta da morte em Sumé e também pela morte no PB1 e na conclusão nós encaminharemos todo esse procedimento ao fórum da cidade de Sumé”, finalizou.
Depoimento da mãe
A mãe da criança de 5 anos prestou depoimento à polícia na sexta-feira (16) e teria assumido que presenciou a morte do menino. Segundo a polícia informou, a mãe contou que os suspeitos riram durante a ação. Ela teria falado também que o menino ‘ciscava’ enquanto era esfaqueado.
“Um homem o agarrou pelas costas e o padastro o golpeou de faca”, disse em depoimento.
Segundo a polícia, a mãe teria confessado a participação no assassinato durante depoimento dado depois que soube da confissão de um outro suspeito do crime. Ela ainda teria admitido que a irmã da criança, que tem sete anos de idade, também seria morta.
Ainda de acordo com a polícia, a mulher relatou que o menino foi para uma área conhecida como Boqueirão, onde foi morto. Chegando ao local, ela contou que ficou sentada, enquanto taparam a boca da criança e um dos suspeitos o agarrou pelas costas. Nesse momento, o padrasto do menino teria desferido um golpe de faca e esperado que todo o sangue da criança caísse eu uma bacia. Depois, foi aberto o tórax da criança e decepado o órgão genital.
“Eles enganaram o menino para matá-lo. Ele não teve medo porque estava perto da mãe. Foi tudo planejado por mentes doentias. Ela mesma enganou a polícia desde o início, mentindo muito”, disse o delegado Paulo Ênio.
Outro detalhe do relato é que a suspeita falou que o padastro da criança e outro homem suspeito de participar do crime eram acostumados a usar drogas juntos.
Sangue da criança
Segundo o delegado Paulo Ênio, a polícia investiga agora qual a motivação da morte da criança. “Durante o depoimento, a mãe afirmou que suspeitava que o sangue do menino iria ser oferecido e não bebido. Por isso, é provável, que haja mais pessoas envolvidas no caso”, relatou.
Segundo a polícia, a mãe, o padrastro da criança, além de outros dois suspeitos teriam participado do crime. A afirmação é do delegado Paulo Ênio, que investiga o caso e chegou a esta versão após a prisão de um homem de 41 anos. Ele teria confessado o crime na manhã desta sexta-feira (16). Segundo o depoimento do suspeito ao delegado, o menino foi morto durante um ritual de sacrifício.
Ainda conforme informações de Paulo Ênio, o homem que foi preso nesta sexta-feira contou que a criança foi abordada no meio da rua quando seguia para a casa da avó. A intenção dos suspeitos era capturar o menino e a irmã de 7 anos, mas ela conseguiu chegar à residência da avó.
Segundo o delegado, nenhum dos suspeitos tinha advogado até a manhã desta sexta-feira e ele ainda aguarda que a defesa seja constituída.
“Este homem que confessou tudo, o padrasto, a mãe e o vizinho que está preso pegaram a criança e levaram ela até um riacho, onde fizeram todo o ritual de sacrifício. O menino foi banhado e, usando uma faca de seis polegadas, o padrasto abriu o tórax da criança. O que leva a crer que foi um ritual de magia negra é que o pênis da vítima foi decepado”, explicou o delegado Paulo Ênio.
O delegado ainda esclareceu que um homem com problemas mentais, que era apontado como um dos suspeitos, não tinha envolvimento com o caso e era inocente.
“O padrasto mentiu em seu depoimento quando disse que viu o deficiente mental próximo ao corpo da criança no matagal. O padrasto queria colocar a culpa neste homem, mas quando viu que a versão deles estava caindo por terra, resolveu estrangular ele dentro da cela”, contou.
A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap) informou por meio de nota à imprensa que o homicídio aconteceu na noite da quinta-feira. Os agentes de plantão foram acionados na madrugada desta sexta-feira, pouco depois da meia-noite, e logo após constatarem o ocorrido na cela 6 do pavilhão 3 do PB2, o Samu foi acionado, sendo confirmada a morte. Depois disso, a direção da unidade acionou a Delegacia de Homicídios. A investigação do caso também está sendo acompanhada pela Gerência do Sistema Penitenciário (Gesipe).
Ainda não foi confirmado qual era o intuito dos suspeitos em fazer este suposto ritual. De acordo com o delegado, apenas esta parte do crime ainda não foi solucionada, mas em relação à autoria do crime tudo está desvendado.
O homem preso nesta sexta-feira contou à polícia que foram usados no crime a faca, uma maquita, um tipo de serra utilizada para cortar cerâmica e um balde. “Em 15 anos como policial, eu nunca tinha conhecido pessoas tão frias como essas”, afirmou o delegado.
Linhas de investigação
Inicialmente, a polícia trabalhava com três linhas de investigação. Uma das hipóteses era de que a criança teria sido assassinada durante um ritual macabro, em que o padrasto possivelmente estaria envolvido. O delegado dizia que o padrasto teria envolvimento com pessoas que trabalham com esse tipo de ritual.
Outra hipótese levantada pela polícia era de que um dos detidos, que era vizinho e amigo do padrasto da criança, teria assassinado o menino por vigança, já que ele teria sido preso após um depoimento da mãe da criança.
Uma terceira hipótese envolvia a família, a mãe, o padrasto e esse amigo do padrasto. Anteriormente, a mãe desse menino foi testemunha de um caso em que esse amigo foi preso e ele disse que queria se vingar e a criança teria sido morta para fazer um mal à mãe.
O homem que foi morto na quinta-feira (15) era um deficiente mental que morava na cidade e foi visto por testemunhas próximo à criança no momento do desaparecimento e também quando o corpo foi encontrado.