“O Brasil tem saída com a saída da presidente Dilma da Presidência. Infelizmente, a cada dia que passa se constata mais visivelmente que a crise do nosso país tem nome e sobrenome: Dilma Rousseff”. Foi o que afirmou o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), nesta quarta-feira (02) ao explicara falta de perspectiva do governo federal em encontrar soluções para crise econômica.
Na avaliação do senador, a crise do Brasil é muito mais de temperamento do que uma crise de política:
“Nós temos homens e mulheres responsáveis, maduros, cada um com suas crenças, com suas convicções, mas é inegável que todas as dificuldades que o país enfrenta, no plano econômico, e que penaliza de forma dura a nossa população, têm o epicentro na forma, na maneira da condução do governo nos últimos anos. Não se discute aqui outra coisa senão a crise, que se aprofunda a cada dia e atinge os brasileiros. Nós não estamos falando de crise política apenas ou de crise ética; nós estamos falando da crise da inflação, do desemprego, do aumento do gás, do aumento dos produtos básicos, do desemprego, que ameaça milhões e milhões de brasileiros”, disse Cássio.
Cheque sem fundos
Ao comentar a proposta de Orçamento que prevê um déficit de R$ 30,5 bilhões para 2016, Cássio disse que o governo não tem capacidade sequer de manter a coerência entre o que fala e o que escreve. Ele explicou que, na mensagem presidencial encaminhada ao Congresso, se falava num déficit de R$ 21 bilhões, mas nos anexos está escrito um déficit de R$ 31 bilhões.
“Na verdade, o déficit é de no mínimo 60 bilhões de reais. A proposta do Orçamento que foi encaminhada ao Congresso lamentavelmente é um cheque sem fundos. E o que é que se faz com um cheque sem fundos? Devolve-se. O governo pediu ao Congresso um cheque em branco, mesmo não tendo credibilidade sequer para fazer apresentação de um cheque pré-datado. E o que nos enviou foi um cheque sem fundos, através do Orçamento, que não tem sustentabilidade. Então, que possamos refletir sobre a devolução da proposta do Orçamento, ou que, na pior das hipóteses, o governo federal nos encaminhe uma errata, uma proposta substitutiva, para que possamos ter pelo menos bases reais para discutir aquilo que levará o Brasil ao mínimo de equilíbrio, que será o ajuste de suas contas públicas”, afirmou.
Maquiagem ou camuflagem?
De acordo com o líder, os dados integrais da proposta orçamentária só poderão ser acessados na próxima semana.
“Se o governo deixou de fazer maquiagem, ele começa a praticar a camuflagem, diante de um orçamento que não se sustenta. E não se sustenta na análise mais pueril, porque sequer os dados completos estão disponíveis. Nós encontramos o primeiro buraco ao comparar o que está previsto de pagamento de juros da dívida para o próximo ano em relação a este. Não dá para acreditar na proposta do governo de que o país irá pagar menos juros ano que vem em relação a este ano. É claro que isso não se sustenta e é óbvio que isso é um dado inconsistente!”.
Governo bate cabeça
Para Cássio, o governo de um país existe para ser o mediador de conflito social e a voz moderadora na sociedade, mas, segundo ele, o governo do PT, em vez de resolver o problema, só faz com que ele cresça.
“O governo do PT não tem a capacidade de resolver um problema porque não consegue nem manter a unidade de sua equipe econômica. O ministro da fazenda, Joaquim Levy, caminha em uma direção enquanto o ministro do planejamento, Nelson Barbosa, caminha em outra direção. É visível o enfraquecimento público do ministro Levy e indiscutível o processo de fritura que já está em andamento, com fogo alto, para derrubá-lo”, avisou.