Por Ramalho Leite
Poucos são os paraibanos que nos honraram com sua presença no Tribunal de Contas da União. Todos, sem exceção, antes de tomar assento naquela Corte de Contas, exerceram o mandato de Senador da República. O primeiro deles, Pedro da Cunha Pedrosa, mais conhecido como Cunha Pedrosa, foi advogado, promotor e juiz. Hoje, Cunha Pedrosa empresta seu nome para designar da mais alta comenda instituída pelo nosso Tribunal de Contas Estadual.
Iniciado na vida partidária nos primórdios da República, sob a regência do nosso primeiro mandatário, Venâncio Neiva, com sua queda, enfrentou o ostracismo até o ano de 1902, quando retorna à política. Obteve mandado de deputado estadual e federal, sendo ainda secretario geral do Estado na gestão de Monsenhor Walfredo Leal. Natural de Umbuzeiro, como Epitácio, foi na sombra do crescente prestígio do chefe que chegou ao Senado. Senador de 1912 até 1923, deixa aquela casa para assumir o cargo de Ministro do Tribunal de Contas. Nesse mandato vitalício demorar-se-ia pouco. Acometido de grave enfermidade passou apenas oito anos como ministro.
Por obra e graça de Assis Chateaubriand que lhe cobiçava a cadeira de senador, Verniaud Wanderley, ex-prefeito de Campina Grande, abdicou do mandato senatorial juntamente com seu suplente, Pereira Diniz. Enquanto o titular ganhava o manto ministerial, seu suplente era contemplado, se não me engano, com um cartório no Rio de Janeiro. Todos alegres e satisfeitos, uma eleição suplementar elegeu Chatô, em março de 1952, para a vaga paraibana aberta no Senado. Verniaud foi o nosso segundo homem no TCU.
Ministro da Viação e Obras Públicas dos dois períodos de Getúlio Vargas na presidência do País, José Américo de Almeida, antes passou pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. Governou a Paraíba e licenciou-se para assumir o ministério de Vargas. Era aposentado como ministro do TCU.
Dos paraibanos que ocuparam cadeiras no TCU, somente José Américo de Almeida e João Agripino exerceram a governança do Estado. João Agripino foi o ultimo governador eleito diretamente, antes de iniciado o período de indicações militares chanceladas pelas assembleias legislativas transformadas em Colégio Eleitoral. Foi advogado e promotor. Eleito deputado constituinte em 1945, participou da elaboração da Carta de 1946. Em 1962 foi reeleito deputado e eleito senador. Optou pelo mandato mais longo, encerrado, porém, em 1966, quando assumiu o cargo de Governador da Paraíba. Depois de trabalhar na inciativa privada, foi nomeado em 1973 para o TCU, sendo seu presidente por dois anos. Em 1982 voltaria à Câmara dos Deputados.
Meu companheiro do PDT de Chico Franca, Antonio Vital do Rego Filho, exerceu os mandatos de vereador, deputado estadual e federal. Fez um belo mandato de senador. Recebeu do seu partido as missões mais espinhosas e se desincumbiu a contento. Sempre fiel ao governo, não perdeu a capacidade de dialogar com os contrários. Foi votado para o cargo de ministro do TCU por quase a unanimidade do Congresso Nacional. A oposição critica o critério de escolha, mas não lhe negou o voto consagrador. Vital do Rego tem luz suficiente para brilhar tanto quanto outros seus conterrâneos que estiveram no TCU antes dele. É a Paraíba representada, e muito bem.
P.S.José PEREIRA LIRA foi deputado constituinte em 1934. Tentou chegar ao Senado em 1950,sendo derrotado por Ruy Carneiro.Ministro Chefe da Casa Civil no governo do Marechal Dutra, foi nomeado posteriormente para Ministro do Tribunal de Contas. Paraibano de Cruz do Espirito Santo, foi o único dos seus conterrâneos a ser ministro do TCU, sem antes passar pelo Senado.