Neste ano de 2017 a Campanha da Fraternidade vai abordar os biomas brasileiros. “Cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, que correspondem a grandes espaços geográficos com as mesmas características físicas, biológicas e climáticas, onde ali vive grande número de espécies de plantas e animais, é o chamado que nos faz, em nome de Deus, a Igreja do Brasil, através desta Campanha da Fraternidade 2017”, explica o Côn. Egídio.
Ele completa que “A história do Brasil mostra-nos que desde o descobrimento até os dias atuais os nossos biomas, as nossas regiões e todo o território brasileiro sofrem com o uso irresponsável dos bens naturais e com a interferência direta do homem na natureza e no planeta. Nossos biomas têm sentido de forma perversa o peso da mão inconsequente do ser humano”.
O que é o bioma?
É um conjunto de vida (animal e vegetal) que se constitui pelo agrupamento de tipos de vegetação identificáveis numa região, com condições geográficas e climáticas similares. Isso resulta em uma diversidade biológica própria. Dessa forma, um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, onde a vegetação é similar e contínua, o clima é mais ou menos uniforme e cuja formação tem uma história comum. No Brasil temos seis biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.
Na Paraíba a Igreja Católica vai abordar os dois biomas nos quais nosso povo encontra-se inserido: Mata Atlântica e Caatinga. “Ao abordá-los, vamos entender melhor suas características e seus problemas para que, à luz da fé, questionemos os desafios atuais desses biomas e dos povos que neles vivem. Vamos discutir o que podemos e devemos fazer em defesa e em respeito à criação que Deus nos deu não para maltratar e destruir e sim para ‘cultivar e guardar’”, afirma o Côn. Egídio.
Sobre a Caatinga:
A Caatinga encontra-se envolvida pelo clima semiárido. O semiárido abrange territórios de oito Estados do Nordeste, mais o norte de Minas Gerais, totalizando 1.135 municípios, onde vivem cerca de 27 milhões de pessoas. Essas pessoas representam 46% da população do Nordeste e 13,5% da população brasileira. A Caatinga cobre mais de 90% desse território com uma extensão de 844.453km².
A palavra Caatinga é de origem tupi-guarani, que significa “mata branca” e este é o único bioma exclusivamente brasileiro. É o semiárido mais chuvoso do planeta. É muito rica em biodiversidade tanto vegetal quanto animal. Muitas plantas deste bioma, como o Umbuzeiro, guardam água em suas raízes para poder se utilizar dela em tempos de falta de chuva.
As árvores, secas e retorcidas, e os cactos, com seus espinhos, não representam pobreza, mas são sinais de vida, que soube se adaptar ao clima semiárido. A Caatinga abriga 178 espécies de mamíferos, 591 tipos de aves, 177 tipos de répteis e 241 classes de peixes.
Sobre a Mata Atlântica:
A Mata Atlântica é uma das áreas mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas do planeta. Originalmente, esse bioma correspondia a uma área de 1.315.460km² e abrangia 17 estados.
Hoje restam apenas 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 hectares do que existia originalmente. Vivem na Mata Atlântica, atualmente, quase 72% da população brasileira (IBGE 2014). Isso corresponde a mais de 145 milhões de habitantes, distribuídos em 3.429 municípios que, por sua vez, correspondem a 61% dos municípios existentes no Brasil.
A maioria das nossas capitais litorâneas, das grandes regiões metropolitanas, concentra-se neste Bioma. Neste Bioma vivem mais de 20 mil espécies de plantas, 270 espécies de mamíferos conhecidos, 992 espécies de aves, 197 espécies de répteis, 372 espécies de anfíbios e 350 espécies de peixes.
“Durante este tempo quaresmal, a CF quer ajudar a construir uma cultura de fraternidade entre nós, apontando para a justiça e denunciando ameaças e violações da dignidade e dos direitos. É na vida fraterna, amiga e solidária que encontramos a síntese da Boa Nova trazida por Jesus. Neste ano de 2017, o chamado da Igreja é lançado a todas as pessoas de boa vontade a enfrentar com compromisso as palavras do Criador que nos convida a “cultivar e guardar a criação”. A nossa caminhada de fé não nos deixa ser indiferentes à realidade de violência e de descaso com que são tratados os biomas brasileiros”, finaliza o Côn. Egídio.