Homens da Força Nacional de Segurança Pública, do Exército e da Ciosac (Companhia Independente de Operações e Sobrevivência na Área de Caatinga) já estão em Recife, nesta quinta-feira (15), atuando na segurança no lugar da PM (Polícia Militar), que está em greve desde a terça-feira (13). As tropas vão atuar por tempo indeterminado. A Polícia Civil também colocou todo o efetivo nas ruas para ajudar no patrulhamento.
Sem policiais militares nas ruas, assaltos e saques foram registrados na região metropolitana do Recife e no interior. O comércio fechou as portas em muitas cidades. Por questões de segurança, o governo de Pernambuco não divulgou o número de homens que estão atuando na segurança do Estado.
Após o pedido do governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB), ao Ministério da Justiça, a Força Nacional confirmou o envio de três grupos. O primeiro deles chegou ainda nas primeiras horas de hoje e veio de Alagoas com cerca de 60 homens. São esperados mais dois outros grupos que devem chegar de avião à capital pernambucana.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chega ao Recife às 16h para se reunir com o governador. Ele trará um general para acompanhar e comandar a ação de segurança durante a greve da PM em Pernambuco.
Comércio fechado
Por causa da paralisação, a rotina das maiores cidades de Pernambuco mudou nesta quinta-feira. No Recife, as maiores universidades suspenderam as aulas, e escolas também deixaram de receber alunos.
Parte do comércio da capital fechou as portas, especialmente no bairro da Boa Vista. Pela manhã, quatro homens armados invadiram o Hiper Casa Forte, bairro nobre da cidade, e roubaram uma joalheria. Há relatos de assaltos em vários pontos do Recife, como no Arruda e em Casa Amarela, e em Peixinhos, em Olinda.
As lojas que abriram deixaram os suportes de ferro em posição para, a qualquer momento, fechar as portas, conforme informou a CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) do Recife. A CDL informou também que está em contato ininterrupto com comerciantes, mas que não há orientação ainda para que fechem as lojas temporariamente.
Interior
Em Caruaru, maior cidade do interior, o comércio fechou as portas após várias lojas saqueadas. Há registros de ataques a estabelecimentos nas ruas Duque de Caxias e 15 de Novembro, principais do centro da cidade, além de saques em lojas próximos à feira, no Parque 18 de Maio, e na avenida Agamenon Magalhães, principal via de Caruaru.
Uma onda de boatos de arrastões ocorreu em Garanhuns, Gravatá e Limoeiro, onde a população tem evitado as ruas.
A prefeitura de Petrolina (a 715km de Recife) informou que a segurança da cidade está sendo feita com o efetivo da Guarda Municipal e dos agentes de trânsito, A ação deve durar enquanto a PM continuar em greve. A prefeitura decretou, nesta quinta-feira, que todos os bares e restaurantes da cidade vão fechar as portas a meia noite.
“Vamos trabalhar com viaturas mistas, além de duplas no centro da cidade. Os agentes vão cuidar de problemas no trânsito e os guardas da segurança pública”, explicou o secretário executivo de Ordem Pública de Petrolina, Jota Santos, destacando que o efetivo será distribuído no centro e na periferia da cidade.
Por causa da greve em Pernambuco, o governo da Paraíba reforçou a segurança na divisa entre os Estados.
Saques
Na noite dessa quarta-feira (14) e madrugada desta quinta foram registrados diversos saques, assaltos e roubos. O município mais afetado foi Abreu e Lima (na região metropolitana do Recife), onde caminhões tiveram cargas saqueadas e lojas foram invadidas. Nove pessoas foram detidas.
Equipes da Ciosac e da PRF (Polícia Rodoviária Federal) foram deslocadas às pressas ao município e conseguiram reduzir os ataques. O clima de insegurança fez a prefeitura de Abreu e Lima decretar ponto facultativo. Há registros de saques nesta quinta a lojas e supermercados.