A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (10), em pronunciamento em rede nacional de TV sobre a Copa do Mundo que os “pessimistas” em relação à organização do Mundial já entram “perdendo” com o início do evento.
A Copa do Mundo começa nesta quinta-feira (12). O jogo de abertura será em São Paulo, entre Brasil e Croácia. Ao longo da preparação para a Copa, a organização do evento foi alvo de críticas em razão de atrasos em obras e de recursos destinados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à construção dos estádios.
“No jogo, que começa agora, os pessimistas já entram perdendo. Foram derrotados pela capacidade de trabalho e a determinação do povo brasileiro, que não desiste nunca”, disse a presidente durante o pronunciamento.
Segundo a presidente, os “pessimistas”, que ela não nomeou, previram que estádios e aeroportos não ficariam prontos e que haveria racionamento de energia. “Chegaram também ao ridículo de prever uma epidemia de dengue na Copa em pleno inverno, no Brasil!”, disse.
Apesar disso, Dilma afirmou que as contas da Copa “estão sendo analisadas, minuciosamente, pelos órgãos de fiscalização”. “Se ficar provada qualquer irregularidade, os responsáveis serão punidos com o máximo rigor”, declarou.
Ela destacou, como em outras ocasioes, que as obras de ampliação dos aeroportos e de mobilidade urbana não se deram em razão da Copa, mas, sim, em meio à oportunidade de aproveitar o evento para assegurar à população melhores condições de vida.
“Construímos, ampliamos ou reformamos aeroportos, portos, avenidas, viadutos, pontes, vias de trânsito rápido e avançados sistemas de transporte público. Fizemos isso, em primeiro lugar, para os brasileiros. Tenho repetido que os aeroportos, os metrôs, os BRTs e os estádios não voltarão na mala dos turistas. Ficarão aqui, beneficiando a todos nós”, disse. “Além de servir ao futebol, serão estádios multiuso. Vão funcionar também, como centros comerciais, de negócios e de lazer, e palcos de shows e festas populares”, afirmou.
Saúde e educação
A presidente voltou a rebater acusações de que o governo federal destinou recursos da saúde e da educação para a construção dos estádios. Dilma comparou gastos com as arenas com o que o governo investiu nos dois setores nos últimos anos.
Ela disse respeitar opiniões de que os recursos da Copa deveriam ter sido destinados à educação e à saúde, mas que não concorda com esses posicionamentos e que trata-se de “falso dilema”.
Segundo Dilma, desde 2010, quando começaram as obras dos estádios, até 2013, o governo federal e as prefeituras investiram R$ 1,7 trilhão em educação e saúde – os estádios custaram cerca de R$ 8 bilhões. “Ou seja, no mesmo período, o valor investido em educação e saúde no Brasil é 212 vezes maior que o valor investido nos estádios”, afirmou.
Dilma defendeu que se olhe “os dois lados da moeda” porque, segundo ela, Copa não representa somente gastos, mas “traz receitas para o país”.
A presidente afirmou que as instituições públicas vão garantir a liberdade de manifestação durante a Copa e coibir “excessos e radicalismos” de qualquer espécie.
‘Sem derrotismo’
Segundo ela, para que o resultado da Copa seja “completo”, é fundamental que os brasileiros tenham conhecimento de tudo o que aconteceu, “sem falso triunfalismo, mas também sem derrotismo ou distorções.”
Dilma voltou a afirmar que os turistas estrangeiros serão recebidos de forma generosa e calorosa, da mesma maneira como, segundo a presidente, os brasileiros foram recebidos em outros países que sediaram a maior competição de seleções do mundo.
Durante o pronunciamento, a presidente disse que a Copa deverá ser usada como instrumento contra o racismo e pela paz, inclusão, tolerância, diversidade e diálogo.
“Tenho certeza de que, nas 12 cidades-sede, os visitantes irão conviver com um povo alegre, generoso e hospitaleiro, e se impressionar com um país cheio de belezas naturais e que luta, dia a dia, para se tornar menos desigual”, disse.
Mensagem à seleção
Dilma reservou parte do pronunciamento para uma mensagem à seleção brasileira e à comissão técnica, comandada pelo treinador Luiz Felipe Scolari.
A presidente afirmou que a seleção representa a nacionalidade do país e que está acima de governos, partidos e interesses de qualquer grupo.
“Por isso, vocês merecem que um dos legados desta Copa seja, também, a modernização da nossa estrutura do futebol e das relações que regem nosso esporte. (…) O povo brasileiro ama e confia em sua seleção”, afirmou.