Executivos da Petrobras têm alertado o governo que faltará diesel no país se o governo decidir segurar o preço do combustível.
O alerta tem sido feito desde o início do ano e foi reforçado nos últimos dias, depois que o presidente Jair Bolsonaro decidiu fazer novas mudanças na estatal.
O aumento mais recente, de quase 9%, foi concedido no início de maio para garantir que os importadores pudessem seguir importando o produto sem risco de prejuízo no país.
Bolsonaro não gostou do aumento e decidiu demitir tanto o ministro de Minas e Energia como o presidente da petroleira e cobrar mudanças na sistemática de reajuste de preços.
Atualmente, cerca de 30% do diesel consumido no país é importado, porque as refinarias instaladas no Brasil não têm capacidade para refinar todo.
Por isso, se o preço lá fora fica mais caro do que no país, os importadores deixam de trazer o produto.
A saída para o governo evitar um desabastecimento seria a Petrobras bancar essa conta, importando o produto mais caro para vender mais barato no país.
Só que, pelas regras atuais do estatuto da companhia, quem paga essa conta é a União, e não a petroleira. Aí, seria preciso mudar o estatuto, o que a atual diretoria não aceita.
Por isso a decisão de trocar não só os membros do conselho de administração como também a diretoria da empresa para promover essas mudanças.
Além disso, caso queira segurar os preços dos combustíveis durante as eleições, o governo teria também que abrir uma exceção nas regras da empresa para que a paridade de preço de importação ficasse suspensa durante um período, como o atual, influenciado por uma guerra.
Se não mudar essas regras, a estatal precisa chegar ao final do ano com seus preços equiparados aos do mercado internacional. Caso contrário, a União também tem de bancar essa conta ou fica sujeita a ações na Justiça de ressarcimento, tanto aqui como lá fora, já que a empresa tem ações negociadas na bolsa de Nova York.