A Polícia Federal realiza desde a manhã desta quinta-feira (10) uma operação contra uma quadrilha especializada em fraudar os pagamentos de prêmios de loterias da Caixa Econômica Federal. No total, 54 mandados judiciais são cumpridos em Goiás, Bahia, São Paulo, Sergipe,Paraná e no Distrito Federal. Entre os suspeitos de envolvimento estão um ex-jogador da Seleção Brasileira e um doleiro. Os nomes não foram divulgados.
Dos mandados, cinco são de prisão preventiva, oito de prisão temporária, 22 conduções coercitivas e 19 de busca e apreensão. Até as 11h, nove mandados de prisões preventiva e temporárias foram cumpridos, sendo três em Goiás. Além disso, no estado, foram realizadas sete buscas e apreensões e uma condução coercitiva.
De acordo com a corporação, o esquema desviou mais de R$ 60 milhões em bilhetes premiados, não sacados pelos ganhadores, que deveriam ser destinados ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). No ano passado, os premiados na loteria deixaram de resgatar R$ 270,5 milhões.
Esquema
Segundo a PF, a investigação apontou que o esquema criminoso contava com a ajuda de correntistas da Caixa Econômica Federal, que eram escolhidos pela quadrilha por movimentar grandes volumes financeiros e que também seriam as responsáveis por recrutar gerentes do banco para a fraude. Entre eles está o ex-jogador.
Ainda segundo a corporação, quando os criminosos estavam de posse de informações privilegiadas, entravam em contato com os gerentes para que eles viabilizassem o recebimento do prêmio por meio de suas senhas, validando, de forma irregular, os bilhetes falsos.
“Servidores da Caixa tinham informações de quais os prêmios que não seriam retirados em 90 dias, fraudavam os bilhetes e levavam até os gerentes, que validavam e entregravam os valores”, explicou a delegada Marcela Rodrigues de Siqueira.
Em nota, a Caixa Econômica Federal informou que “já vem colaborando com as investigações da Operação Desventura” e que “manterá cooperação integral com as investigações em curso”. A instituição destacou, ainda, que “está tomando todas as providências de abertura de processos disciplinares, apuração de responsabilidades e afastamentos, nos casos de envolvimento de empregados do banco”.
Os policiais federais também identificaram fraudes na utilização de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), ConstruCard, que é o financimento da Caixa para a compra de materiais de construção, e liberação irregular de gravames de veículos.
“Essa é uma forma inédita de ação. Hoje a gente espera que tenha conseguido desarticular essa quadrilha”, afirmou o procurador da República Hélio Telho.
Durante a investigação, um integrante da quadrilha foi preso ao tentar aliciar um gerente para o saque do prêmio de um bilhete no valor de R$ 3 milhões. Meses depois ele foi liberado e, segundo a PF, morreu em circunstâncias que ainda estão sendo apuradas.
Os suspeitos poderão responder pelos crimes de integrar organização criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro e corrupção.