O Papa Francisco mencionou, nesta quinta-feira (18), a possibilidade de se usar métodos contraceptivos “como um mal menor” pelo risco que o vírus da zika impõe sobre as grávidas, em declarações no avião que o levou do México a Roma.
Francisco deixou aberta a possibilidade de usar esses métodos ao lembrar que o papa “Paulo VI em uma situação difícil na África (a guerra no Congo belga) permitiu que as freiras usassem anticoncepcionais para casos nos quais foram violentadas”, explicou.
O pontífice afirmou que “o aborto não é um mal menor: é um crime. É eliminar um para salvar o outro. É o que faz a máfia”, disse aos 76 representantes de meios de comunicação internacionais que viajaram junto com ele.
“O aborto não é um problema teológico: é um problema humano, é um problema médico. Se assassina uma pessoa para salvar outra no melhor dos casos. Vai contra o juramento hipocrático que os médicos devem fazer”, acrescentou.
Por outro lado, o papa opinou que “evitar a gravidez não é um mal absoluto”, pois “em certos casos, como neste, como no de Paulo VI, era claro”. Francisco fez ainda um pedido “aos médicos para que façam de tudo para encontrar as vacinas contra estes mosquitos que transmitem esta doença”.
Bispos do Brasil
No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou mensagem no início de fevereiro posicionando-se contra a interrupção de gestação em caso de malformação do crânio de bebês e pedindo que os católicos brasileiros continuem e intensifiquem a mobilização no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
No texto, a CNBB afirma que o estado de alerta em relação à microcefalia não deve “levar ao pânico” como se fosse uma situação “invencível”. “Tampouco justifica defender o aborto para os casos de microcefalia como, lamentavelmente, propõem determinados grupos que se organizam para levar a questão ao Supremo Tribunal Federal num total desrespeito ao dom da vida.”