Prefeitura de Monteiro presta homenagem ao poeta repentista Pinto de Monteiro

A Prefeitura Municipal de Monteiro, sempre preservando a memória dos filhos ilustres da cidade, registra neste 28 de outubro, os 25 anos da morte do poeta Severino Lourenço da Silva Pinto – Pinto do Monteiro.

Pinto do Monteiro faleceu em 28 de outubro de 1990, aos 95 anos de idade. Considerado um dos maiores repentistas do Brasil, o monteirense ilustre era conhecido pelos versos contundentes que fazia, enfrentando seus parceiros de cantoria. Mas, possuía também, dentro de si, um sentimento saudosista, o que podemos comprovar nestes versos em forma de recado à sua mulher:

Velhinha, quando eu morrer
Conserve a minha viola
Bote ela numa sacola
E deixe o rato roer
Barata dentro viver
Morcego morando nela
O cupim comendo ela
E ela perdendo o valor
Só não deixe cantador
Bater mais nas cordas dela.

Pinto do Monteiro era respeitado por todos os seus colegas. João Furiba mostrou em versos a grandeza do repentista monteirense:
Seu verso hoje é açude
Que abarrota a represa
Rio que não perde a água
Planta que possui beleza
Gênio que desdobra o mundo
Por conta da natureza.

Furiba e Pinto “arengavam” muito nas cantorias. Certa vez, informado de que Furiba andava fazendo umas cantorias com a poetisa Mocinha da Passira, o cantador Otacílio Batista terminou assim a sextilha:

Seu Pinto me dê notícia
De Mocinha da Passira

Sem titubear, Pinto sapecou a resposta:

Juntou-se com João Mentira
Toda metida a donzela
Ela diz que é noiva dele
Ele diz que é noivo dela
Nem ela canta, nem ele.
Não presta ele nem ela.

A resposta seca era realmente a principal marca nas suas cantorias. Certo cantador provocou, dizendo:
Seu Pinto tenha cuidado
Que eu sou um cantador mau

O tiro certeiro foi dado na hora, com a resposta.
Mas eu sou como lacrau
Que do lixo se aproxima
Vivendo da umidade
Se alimentando do clima
Pra ver se um besta assim
Chega e bota o pé em cima.

Autodidata, desenvolveu uma cultura autônoma, tendo o mundo como seu maior professor. Mesmo sem freqüentar bancos escolares, até escolas superiores reconheceram seus méritos. Foi patrono de formandos em Jornalismo na Universidade Católica de Pernambuco e denomina o Campus VI da UEPB – Universidade Estadual da Paraíba.

Severino Pinto foi e continua sendo reverenciado pela riqueza poética que produziu. O poeta pernambucano Dedé Monteiro assim o definiu:

No seu tempo, no brasileiro piso,
Pinto velho a macaca segurava.
Infeliz do poeta que tentava
Desbancá-lo cantando de improviso.
Cascavel venenosa cujo guiso
Conservava calado e não batia
Mas depois que a presa aparecia
O veneno comia de esmola
Jararaca assanhada da viola
PATRIMÔNIO IMORTAL DA POESIA.

No momento em que vivemos o 25º aniversário da sua morte física, nada melhor do que renovar a LEMBRANÇA com um verso de quem tão divinamente definiu SAUDADE:

Esta palavra saudade
Conheço desde criança
Saudade de amor ausente
Não é saudade, é lembrança
Saudade só é saudade
Quando morre a esperança.

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