O açude Epitácio Pessoa, conhecido popularmente como “Boqueirão”, no Agreste paraibano, está com apenas 8,67% de sua capacidade total, segundo os dados da Agência Executiva de Gestão de Águas da Paraíba (Aesa). O índice é o pior registrado desde que o açude foi fundado e teve sua primeira sangria. O manancial abastece Campina Grande e outras 18 cidades que, por causa do baixo nível de água, estão em racionamento desde dezembro de 2014. Sem previsão para chuvas e recargas, o açude vive uma contagem regressiva para entrar no volume morto.
O sistema adutor do açude conta com duas tubulações, mas apenas uma está sendo usada. Para voltar a sangrar, o açude precisa receber uma recarga de 374 milhões de metros cúbios de água, o que equivale a uma altura de 18,28 metros no nível de água.
Em 1999 o açude tinha sofrido sua última maior seca, quando o nível do açude havia chegado a 14,9%. Na primeira década de 2000 o açude sangrou cinco vezes. A última vez que ele chegou ao nível máximo foi em setembro de 2011. “Hoje em dia a gente vê seco. Dá uma triste né? Mas fazer o que? Deus quer né?”, disse.
Segundo o diretor da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), Ronaldo Menezes, que faz a gestão do abastecimento de água, as bombas de captação flutuante que foram instaladas estão prontas para começar a atuar a qualquer momento. “A verdade é que não sabemos o dia e a hora que isso vai acontecer. O recurso passará a ser usado apenas quando o sistema de captação convencional, que funciona por gravidade, perder a eficácia”, disse ele.
De acordo com o administrador do açude, Everaldo Jacobino, a tubulação de perenização do Rio Paraíba foi fechada por causa da seca. “Nós estamos a cerca de um metro da grade que protege a entrada de água das comportas. Uma das comportas leva a água para o sistema de abastecimento da Cagepa. A outra é para atender a calha do Rio Paraíba, para perenizar o rio após Boqueirão, que leva água para o açude de Acauã, mas isso faz muito tempo que não funciona por causa da escassez de água”, disse Everaldo Jacobino.