A equipe da hemodinâmica pediátrica do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, unidade gerenciada pela Fundação PB Saúde, realizou, neste mês de julho, um procedimento de aortoplastia com stent para tratamento da coarctação da aorta (estreitamento, obstrução parcial da passagem do sangue na artéria aorta) em um bebê de apenas 09 meses, natural da cidade de Serra Branca, no Cariri da Paraíba. O procedimento ocorreu sem intercorrências, e cerca de 5 horas depois a criança foi extubada e pôde ter alta no dia seguinte.
O bebê apresentava o diagnóstico de uma coarctação da aorta, e com apenas 1 mês de vida, passou pelo primeiro procedimento cirúrgico no Hospital Metropolitano. Após boa evolução, recebeu alta hospitalar, e regressou à instituição já com 09 meses. Na última consulta, a equipe médica constatou que ele estava com uma re-coarctação e decidiu desta vez realizar o cateterismo. A técnica, rara no Brasil para crianças tão pequenas, consiste na colocação de um stent na região estreitada (mola de metal que permite que o vaso permaneça aberto para passagem de sangue).
“A re-coarctação gerou uma repercussão considerável no quadro do paciente, levando o coração a crescer de novo e isso trouxe a necessidade de proceder com uma intervenção de forma urgente. Então decidimos inovar e, apesar de ainda ser muito pequeno, consideramos que a melhor alternativa seria o cateterismo”, explicou o médico Fabrício Leite, cardiologista intervencionista em cardiopatias congênitas responsável pelo caso.
De acordo com o também cardiologista intervencionista Abel Belarmino, o tratamento padrão da coarctação da aorta em bebês é por meio da cirurgia, como anteriormente utilizado. “Realizar uma aortoplastia com stent em bebês ainda é uma coisa muito nova e discutível no Brasil. Contudo, existem alguns grupos que apoiam a colocação de stent nessa fase de vida, assim como fizemos, já que esse stent utilizado pode ser dilatado para adequar ao crescimento do bebê. No ecocardiograma posterior constatamos que o stent inserido estava no local certo e o fluxo sanguíneo da criança foi normalizado”, descreveu o médico.
Os pais do bebê, Laysla Alves e José Pordeus, contaram como foi receber a notícia de que tudo havia ocorrido bem, após o procedimento: “O sentimento foi um dos melhores, um alívio também, porque a gente confessa que estávamos com o coração meio apertado, aflito, porque nosso filho é prematuro e sempre inspirou cuidados, mas sabíamos do grande potencial dos médicos e toda equipe. Graças a Deus, eles puderam realizar o procedimento com sucesso, e nosso filho saiu deste hospital mais uma vez vitorioso”.
Contribuindo para o sucesso do procedimento, foi utilizado um introdutor, com acesso percutâneo, minimamente invasivo, sem necessidade da participação de cirurgião para dissecar a artéria carótida (localizada na região do pescoço). “Esse introdutor é um material extremamente importante e de alto custo. Recebemos a doação dele para realização desse caso. Junto à diretoria da PB Saúde estamos buscando padronizar o uso para procedimentos raros como esses, tendo em vista o resultado alcançado”, acrescentou o médico Fabrício Leite, que é sócio titular da Sociedade Brasileiro de Hemodinâmica e Cardiologia Invasiva.
O diretor de Atenção à Saúde, Gilberto Teodozio, ressaltou que iniciativas como essas são apoiadas pela gestão e mediante a necessidade outros procedimentos serão realizados. “Esse tipo de procedimento ocorre na sala de Hemodinâmica, com todo aparato tecnológico necessário. Nossa equipe de médicos intervencionistas e multiprofissionais é capacitada também para fornecer uma assistência segura ao paciente. Se houver outros casos, com indicação precisa, já estamos atuando para termos condições plenas, com os insumos necessários para realizar”, pontuou o gestor.
Referência – O Hospital Metropolitano é referência no tratamento de cardiopatias congênitas. As equipes de cirurgia cardíaca e hemodinâmica pediátrica atuam na intervenção e tratamento de patologias complexas. Em 2019 a equipe realizou o primeiro cateterismo infantil do Estado, em um paciente de 16 anos. E agora, em 2022, superando o ineditismo anterior, a equipe contempla um bebê de apenas 11 meses de vida.