PROJETOS EM JOGO: REFORMISMO PETISTA OU LIBERALISMO TUCANO

Por Zizo Mamede

Com todo o respeito aos pequenos partidos que legitimamente disputarão as eleições nacionais em 2014, mas parede que as atenções do eleitorado estarão voltadas para as candidaturas de Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos-Marina (PSB-Rede), por conta da maior capacidade de dialogarem com a sociedade e pela força política de quem lhes apoia.

A candidatura de Eduardo Campos-Marina é fruto de uma mistura muito esquisita de um político que prioriza as grandes obras e de uma militante da eco-sustentatibilidade e o que ambos mais têm em comum é um alto grau de personalismo e as velhas platitudes de sempre, sem aprofundamento. Não é a toa que, a essa altura da pré-campanha eleitoral, essa dupla patine nas pesquisas, inclusive com a desconfortável situação de a candidata a vice ter mais intenções de votos do que o “cabeça” da chapa.

As outras duas candidaturas, a de Dilma Rousseff e a de Aécio Neves são mais claras no que representam para a maioria do eleitorado, mesmo porque além de serem sustentadas pelos dois mais importantes partidos políticos do país, representam de fato dois projetos políticos diferentes e já experimentados pelo povo brasileiro.

Aécio Neves, apesar de não deixar claro para a maioria do eleitorado o que quer dizer quando defende a adoção de “medidas impopulares”, está falando claramente para o grande capital: o foco no combate à inflação e a retomada do rigoroso ajuste fiscal bem ao gosto dos investidores nacionais e estrangeiros. O PSDB já disse a que veio nos anos de governo de FHC e reza pela cartilha do pensamento liberal: quanto mais mercado, quanto mais laissez fare e menos Estado, um tanto mais adequado para aqueles setores da sociedade que o partido representa.

O candidato do PSDB de fato representa um determinado projeto que tem respaldo de parte significativa da sociedade brasileira. Aécio Neves já tem o apoio da maioria dos grandes empresários e dos grandes meios de comunicação no Brasil e no exterior. O tucano de Minas Gerais não é um político com cacoetes de personalismo. Importante: Aécio honestamente resgata a figura de Fernando Henrique Cardoso e Armínio Fraga, escamoteados nas três últimas campanhas tucanas.

O PT (e não o PSDB) representa o projeto de “bem-estar” social para o Brasil. O socialismo do PT não é mais do que a social democracia retardatária que o PSDB anunciou, mas nunca assumiu e verdade. Lula da Silva, aliás, revelou certa vez que um dos seus sonhos era fazer do Brasil um país de classe média. E uma vez no governo central do país o governo petista apostou em um programa de reformas que promoveu progresso econômico e social para amplos setores da população.

Mesmo no meio de uma longa crise econômica internacional, a presidenta Dilma Rousseff tocou o projeto adiante, criando milhões de postos de emprego, relativa distribuição de renda e mais presença do Estado na economia e na vida do povo brasileiro. Depois dos governos do PT mais da metade da população brasileira tem renda de classe média C, viaja mais de avião do que de ônibus e constitui a maior fatia de consumidores desse imenso mercado de consumo.

Lula da Silva e Dilma Rousseff são figuras rejeitadas por amplos setores da classe média “clássica” e não são vistos com bons olhos pela grande maioria dos empresários que os acusam de intervencionismo econômico. Para os socialistas “mais socialistas” o PT é um horror!

A candidatura de Dilma Rousseff tem a oposição da grande imprensa capitaneada pelas Organizações Globo e sucursais, revista Veja e os jornais Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, Valor Econômico e Correio Braziliense, com o reforço de setores liberais da mídia internacional. – Ali e alhures essa poderosa coalizão de empresas de comunicação tem o apoio de emissoras de rádio e de ativistas nas redes sociais.

A pré-campanha parece se polarizar entre o projeto social democrata do PT e o projeto liberal do PSDB. A candidatura híbrida de Eduardo Campos-Marina Silva, se não se desvencilhar das incoerências gritantes, poderá no máximo provocar um segundo turno na eleição presidencial, o que já é um importante papel para preferiu ser coadjuvante do PSDB.

Em tempo: os que acusam todos os políticos de serem “farinha do mesmo saco”, são cegos porque não querem ver que há projetos diferentes em jogo.

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