A queda no consumo de água, a pouca evaporação, além das pequenas recargas registradas têm adiado o uso do volume ‘morto’ do Açude Epitácio Pessoa, mais conhecido como Boqueirão. A previsão da Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (Cagepa) agora é para o dia 6 de fevereiro. O reservatório abastece Campina Grande e mais 18 cidades do agreste da Paraíba.
Segundo o gerente regional da Cagepa em Campina Grande, Simão Almeida, era esperado que o volume intangível fosse alcançado no final do mês de dezembro de 2015, previsão que depois passou para 5 de janeiro. Após as chuvas registradas na virada do ano, o prazo foi prorrogado para a segunda-feira (25), porém, mais vez, o nível não foi atingido.
“Essas chuvas que estão ocorrendo desde o final do ano passado ocasionaram pequenas recargas. O clima ameno na região diminuiu a evaporação. Agora, o mais importante, foi a queda no consumo neste mês de janeiro”, afirmou o gerente. Desde o início do racionamento, em dezembro de 2014, sete milhões de metros cúbicos de água já deixaram de ser retirados do açude.
De acordo com dados da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), o açude manteve o nível algumas vezes neste mês. Nos dias 9, 10 e 11, o volume ficou estável em 50.620.000 metros cúbicos. Além disso, no dia 19, o órgão registrou uma recarga de 170 mil metros cúbicos de água. Entre o sábado (23) e a segunda-feira (25), o volume se manteve em 49.683.000. O último volume registrado foi na terça-feira (26), quando o manancial apresentava 49.598.000.
Para identificar que o reservatório chegou no volume considerado intangível pela companhia paraibana, é necessário observar a formação de um vórtice próximo à tubulação de captação tradicional, que seria como um canal de vento. “É muito parecido como quando destampamos um ralo de uma pia cheia de água”, explica Simão. De acordo com os cálculos da Cagepa, esse vórtice deve aparecer quando o nível da água for menor que três metros acima da tubulação.
Um sistema de captação flutuante já foi montado e testado para ser usado quando o açude chegar ao volume morto. O equipamento, que é composto por três bombas que ficam dentro do manancial, foi comprado porque quando começa a se criar o vórtice, a tubulação tradicional não consegue ter a vazão necessária.
Também por causa desse sistema de captação, a Cagepa já montou um novo plano de racionamento. Segundo Simão Almeida, a quantidade de horas com água nas torneiras será o mesmo, mas a distribuição será por zona. O gerente preferiu não divulgar como vai funcionar e quando cada zona terá fornecimento de água.
Racionamento
Por causa do baixo volume, todas as 19 cidades abastecidas pelo açude estão passando por racionamento desde o dia 6 de dezembro de 2014, quando foi implantado o corte no fornecimento no sábado, às 17h, e o na segunda-feira, às 5h.
Em junho de 2015, o racionamento foi ampliado em mais 24 horas. A última alteração decidida pela Agência Nacional Águas (ANA) aconteceu no mês de novembro do ano passado, quando a água passou a ser redistribuída apenas às 5h da quarta-feira, totalizando 84 horas de corte.