EXCLUSIVO – O açude de Poções, em Monteiro, foi literalmente rasgado antes mesmo de atingir nível suficiente para abastecer as residências dos monteirenses. Isso através de um canal paralelo aberto para a água chegar mais rápido ao açude de Boqueirão, que abastece Campina Grande.
Antes disso, a água ainda passará pelo açude de Camalaú, onde o procedimento será o de deixar as comportas abertas por tempo indeterminado. Não se sabe de quem teria sido a ação, se do DNOCS ou do Governo do Estado, mas com ela o nível máximo de Poções ficará de aproximadamente 10% de sua capacidade anterior.
O fato revoltou a população da cidade de Monteiro, que viu na transposição a esperança de acabar com a crise hídrica do município, mas agora questiona porque o principal beneficiado será o açude de Boqueirão, que não terá o seu nível alterado, ao contrário de Monteiro. Populares já estariam organizando protestos contra o fato.
Para se ter uma ideia de como está a situação em Monteiro, algumas residências não recebem água encanada há mais de um mês, mas nem isso foi motivo para esperar o açude de Poções encher e posteriormente a água descer por gravidade até o açude de Camalaú e em seguida para Boqueirão.
Procurada pelo Cariri Ligado, a prefeita de Monteiro, Anna Lorena, revelou que espera que o abastecimento na cidade seja normalizado o quanto antes, pois a água já chegou e resta apenas distribuí-la para o município. “Torcemos que a água chegue a Campina Grande, e este é o pensamento de todos, mas não concordamos que o município de Monteiro seja prejudicado por conta disso, pois a água já chegou até nós”, desabafou a prefeita.
Revolta em Camalaú – Na cidade de Camalaú a situação é semelhante, só que por lá o açude não deverá ser ‘rasgado’ como aconteceu em Monteiro. Lá as comportas deverão ficar abertas por tempo indeterminado para que as águas cheguem o quanto antes a Boqueirão.
Em entrevista ao CL, o prefeito Sandro Môco disse que o projeto inicial é de deixar o açude local com nível constante de 70%, mas que foi informado de que uma nova determinação seria de deixá-lo com nível inferior aos 50%, um fato preocupante e que pode gerar revolta da população local.
“Não concordamos que nosso município seja prejudicado para satisfazer a necessidade de outro, pois também somos povo. Caso isso aconteça iremos protestar e recorrer até as últimas instancias pela defesa dos direitos de nossa população”, comentou Sandro.
Estimativa – De acordo com informações, a estimativa para normalizar o abastecimento na região do Cariri é de começar apenas após o açude de Boqueirão ficar com seu nível máximo, e isto tem provocado ainda mais revolta na região caririzeira, pois a água já chegou a Monteiro e em breve estará em Camalaú. A população defende que a crise hídrica deverá ser sanada inicialmente onde a água já chegou, para posteriormente beneficiar outras regiões. “É a ordem natural dos fatos, Campina Grande não pode furar a fila do Cariri, pois já estávamos antes dela”, desabafou o monteirense Alberto Bezerra.