Por Aldo Ribeiro
Caro Governador,
Sua trajetória até a chegada ao Palácio da Redenção, por si só já chama a atenção. Afinal de contas V. Ex.ª veio dos movimentos sociais, do grito rouco das ruas, e de fato é um ponto fora da curva no que diz respeito ao perfil dos que já governaram nosso Estado, pois não pertence à nenhuma família tradicional da política paraibana, e isso aumenta sua responsabilidade e torna sua missão ainda mais espinhosa. Desde o início de seu mandato, V.Ex.ª tem travado uma guerra com parte da ALPB e com uma grande rede de comunicação da Paraíba. Embates sempre pesados e que muitos no seu lugar já teriam sucumbido: permuta do terreno do Shopping Mangabeira, empréstimo da CAGEPA, Hospital de Trauma, Fisco, seguidas reportagens depreciativas em nível nacional, cobrança de impostos do Grupo São Braz, ameaças infundadas de impeachment e marteladas diárias dos “nobres” deputados de oposição.
No mais novo capítulo desse quiproquó sem fim, os deputados de oposição querem levianamente reprovar suas contas e lhe arrancar a fórceps o legítimo direito de reeleição. Atitude desprezível e covarde. A representação vergonhosa e cristalina da falta de escrúpulos de uma bancada pobre. Pobre de debate. Pobre de vontade política. Pobre de espírito público.
Diante de todo esse ódio alimentado permanentemente pelos seus opositores, com a única e exclusiva meta de lhe tirar do poder, não seria melhor V. Ex.ª fazer como todos os outros já fizeram, salvo raríssimas exceções? Negociatas, conchavos, prática nefasta do toma lá da cá, cargos e mais cargos em troca de paz da ALPB, ETC.
“Esqueça” o Empreender PB! Pra quê essa história de ficar oferecendo crédito para pequenos microempreendedores Paraíba afora, dando-lhes a oportunidade de fazer o seu negócio prosperar? Pague-lhes uma lapada de cana, prometa-lhes um milheiro de tijolo e fica tudo resolvido. Tenho certeza que o pequeno empreendedor lhe será “grato” pro resto da vida.
“Acabe” com o Orçamento Democrático! Que invenção é essa de plenárias por todo Estado, convocando o povo pra discutir as demandas da região e decidir onde o dinheiro deverá ser aplicado prioritariamente? “Não” precisa disso, Governador. Faça como os outros geralmente fazem. Lembre-se de visitar a cidade somente em época de eleição, distribuindo “beijo pra quem é do beijo, abraço pra quem é do abraço”, pedindo voto e por fim dando-lhes um longo até breve.
Pacto pelo Desenvolvimento Social?! Nisso, V. Ex.ª “passou” dos limites. Abrir diálogo e firmar parcerias com todas as Prefeituras da Paraíba, sem perseguição por ser aliado do político A ou B, pertencer ao partido X ou Y? Aumentar a qualidade de vida dos cidadãos, garantindo-lhes melhorias em escolas, hospitais, postos de saúde, saneamento básico, cultura, infraestrutura e ao mesmo tempo fazendo com que os municípios assumam o compromisso de aumentar seus indicadores sociais?
Que forma mais “antiquada” de se fazer política. Inserir o povo nas decisões de como e onde empregar as ações do governo? Muito mais cômodo seria se V. Ex.ª cedesse aos apelos escrotos dos deputados que lhe são contrários. Muito mais fácil seria se V. Ex.ª governasse em função de uma folha de pagamento. Continuaria mantendo o Estado um cabide de emprego e garantiria sua reeleição sem maiores problemas.
Pra quê fábrica da FIAT na fronteira Pernambuco-Paraíba? Pra quê tornar nosso Estado o maior produtor de cimento do Brasil? Pra quê possibilitar a construção do maior estaleiro naval da América do Sul? Pra quê destravar o Pólo Turístico do Cabo Branco? Pergunto-lhe, pra quê? Ações e obras com previsão de retorno para população a médio e longo prazo não dá voto, não garante reeleição. “Bom mesmo” são as ações de curtíssimo prazo e efeito eleitoral/eleitoreiro devastador.
“A coragem é a primeira virtude do estadista. Sem ela, a coragem, todas as outras virtudes desaparecem na hora perigo.” (Sir Winston Churchill).