O esgotamento sanitário é essencial para os 170 municípios paraibanos que vão receber as águas do Rio São Francisco quando a obra da transposição for concluída. Vão ser beneficiados com a obra cidades da região de Monteiro, no chamado Eixo Leste, e de Cajazeiras, no Eixo Norte. Porém, muitos desses municípios ainda não colocaram o esgoto longe das ruas, rios e açudes.
Durante esta semana, o JPB 2ª Edição exibe uma série de reportagens especiais sobre saneamento básico nos municípios da Paraíba. Nesta terça-feira (16), o destaque é para o problema do esgotamento sanitário nas cidades que vão ser beneficiadas pela transposição das águas do Rio São Francisco.
O Açude de São Gonçalo, por exemplo, recebe o esgoto das cidades de Marizópolis e de Nazarezinho. Além disso, é ele que, com pouco mais de 2% de sua capacidade, abastece as duas cidades. “Vem diretamente do vaso sanitário, de tudo, banho, pia, vai tudo pra dentro do açude”, comentou o pescador Francisco Soares da Costa. Em Monteiro, no Cariri, a Cagepa joga esgoto no leito do Rio Paraíba, nas imediações da entrada da cidade, como mostra a imagem acima.
Para acabar com a agressão à população e ao meio ambiente, o esgoto tem que ser tratado. Marizópolis investiu nisso por meio da construção de lagoas que recebem a sujeita de parte da cidade. Porém, elas só recebem. A obra, concluída há anos, está praticamente abandonada, aos pedaços.
Em Sumé, no Cariri, a situação é bem parecida. Atualmente, o esgoto da cidade é jogado em lagoas que foram construídas na região. Porém, segundo os moradores, ele não é tratado e volta para o leito do rio. Com isso, o local virou uma espécie de criadouro de mosquitos.
Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Anivaldo Miranda, o esgotamento sanitário é muito importante nessas áreas. “É preciso que, no estado da Paraíba, as obras complementares referentes ao tratamento dos esgotos e dos afluentes que serão gerados por essa água sejam ser feitas”, explicou.
Com o esgoto indo para o lugar errado, paraibanas como a dona de casa Rita Silva vão continuar presas ao racionamento severo. Ela só tem acesso a água uma vez por semana e tem que se programar para guardar essa água. “Na quarta-feira. O dia todinho de água. Aí eu tenho três caixas [para encher]. Foi uns R$ 350 cada uma”, comentou.
A Prefeitura de Marizópolis informou que tem um projeto para sanear toda a cidade, mas sem data certa para conclusão das obras. O órgão ainda disse que, por causa da crise, não tem como fazer a conservação necessária da lagoa de tratamento dos esgotos.
A Prefeitura de Sumé também disse que trabalha para sanear todos os bairros e que a manutenção da lagoa seria de responsabilidade da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa). A Cagepa limitou-se a dizer que os esgotos coletados estão todos indo para a lagoa de tratamento.
A Prefeitura de Nazarezinho, por sua vez, informou que já existe um convênio para construir o sistema de esgotamento sanitário do município, mas que os recursos ainda não chegaram.