Uma substância contida na folha de Massaranduba, planta nativa da caatinga, pode vir a ser utilizada para combater a tricomoníase, doença sexualmente transmissível. A descoberta foi feita pelos pesquisadores do Instituto Nacional do Semiárido de Campina Grande, juntamente com as Universidades Federais de Pernambuco e Rio Grande do Sul. As instituições compõe o Núcleo de Bioprospecção e Conservação da Caatinga (NbiooCaat).
De acordo com o pesquisador do Insa de Campina Grande, Alexandre Gomes, a pesquisa partiu de uma tese defendida por uma aluna da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e já vinha sendo desenvolvida desde o fim de 2010. Ele explicou que inicialmente “a pesquisa foi realizada in vitro com protozoários e micróbios”.
Os pesquisadores injetaram a substância na placa e, depois de um intervalo de 24 horas, constataram que a maior parte dos protozoários havia morrido.
Ainda segundo Alexandre, o próximo passo do Núcleo será realizar testes em células humanas para garantir que as substâncias da Massaranduba não tem reações negativas em seres humanos. Depois serão feitos ensaios biológicos em camundongos, para saber a toxicidade da substância e no final, se for possível, desenvolver uma fórmula contendo estas substâncias da planta para desenvolver um medicamento para os seres humanos.
Outro ponto destacado pelo pesquisador do Insa é que atualmente a tricomoníase é tratada apenas com remédios à base de metronidazol e cerca de 5 a 10% das mulheres que possuem a doença mostram resistência a esta substãncia, tendo que viver com a enfermidade. Com a confirmação da descoberta, poderá ser possível desenvolver outro medicamento para as pessoas infectadas.
O que é Tricomoníase?
Existem dois tipos de tricomoníase: a bovina e a humana. A tricomoníase humana infecta 276 milhões de pessoas por ano, diz a Organização Mundial de Saúde (OMS). “A enfermidade nos humanos está associada ao aumento da transmissão do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), parto prematuro, bebês com baixo peso, infertilidade, doença inflamatória pélvica, câncer do colo do útero e próstata”, explicou o pesquisador do Insa, Alexandre Gomes.