Diante da falta de resposta da Ambev sobre abertura das negociações em nível nacional com a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins), a entidade recomendou aos sindicatos da categoria, nesta quinta (08/05), a suspensão das negociações locais em todo o País. A partir de agora, a pauta nacional de reivindicação dos trabalhadores, que inclui piso salarial nacional de R$ 1.500, será centralizada na atual negociação de acordo coletivo de Manaus (AM). Operadores e auxiliares da filial da Ambev de Manaus oficializaram estado de greve nesta quinta, com possibilidade de paralisação na próxima quarta (14/6), caso a empresa não atenda as novas reivindicações.
Durante assembleia realizada nessa quarta pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Bebidas em Geral de Manaus (Stibam), com a presença da CNTA Afins, os trabalhadores votaram pela nova pauta de reivindicação para a categoria: reajuste salarial com aumento real de 10% sobre os salários já reajustados em maio de 2014, remuneração de horas extras com adicional de 100% (segunda a sábado) e de 120% (domingos e feriados), adicional noturno de 50% em relação à hora normal, implantação do programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), adicional de insalubridade e periculosidade, entre outros pontos. Se aprovada, essas e outras reivindicações irão beneficiar cerca de 1 mil trabalhadores da região.
Para o presidente da CNTA Afins, Artur Bueno de Camargo, a dificuldade local reflete um problema enfrentado por aproximadamente 32 mil trabalhadores da Ambev em todo o Brasil. Desde março, a entidade busca a abertura de negociação em nível nacional com a principal patrocinadora da Copa do Mundo, a qual resiste até o momento. Paralela à tentativa de
negociação das condições de trabalho, a entidade também discute com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), iniciativas de prevenção e combate aos acidentes de trabalho no setor de bebidas. De acordo com dados do Ministério da Previdência Social (MPAS), entre 2010 e 2012, foram registrados 16.848 acidentes no setor, com 42 mortes no mesmo período.
“Esse tipo de dificuldade já era prevista. Uma vez que a Ambev não negocia em nível nacional, as reivindicações locais dos trabalhadores não são atendidas e, por isso, acabam ficando revoltados. Atendidas essas novas reivindicações, o objetivo é, nas unidades da Ambev que não tenham os mesmos benefícios, fazer com que todos sejam aplicados, tornando-se, assim, o atendimento das reivindicações nacionais por negociação local”, explica Bueno. “A possibilidade de uma greve nacional e boicote aos produtos e marcas da companhia não estão descartadas”, conclui.