Após receber o diagnóstico de coronavírus, nesta sexta (2), o presidente dos EUA, Donald Trump, viu um assunto antigo chamar a atenção outra vez: seus hábitos alimentares e a falta de exercícios.
Ainda que o médico da Casa Branca afirme que a situação do presidente é boa, a saúde do republicano pode ser um fator agravante para o desenvolvimento de um quadro mais severo de Covid-19.
Aos 74 anos, Trump está dentro do chamado grupo de maior risco para a doença devido à idade. Com 1,90 m de altura e 110 kg, seu índice de massa corporal (IMC) é de 30,5, o que o faz ser considerado obeso.
A falta de prática de atividades físicas e a alimentação desbalanceada, com muita comida de alto teor de gordura, açúcar e sódio e baixa quantidade de nutrientes e fibras, é um fator adicional prejudicial à saúde.
Diversas vezes o presidente americano foi flagrado comendo fast food e, em suas redes sociais, não esconde a preferência. Em uma postagem no Twitter, durante a campanha de 2016, Trump comia um balde de frango frito da rede Kentucky Fried Chicken (KFC), dentro de seu avião particular.
A foto foi muito comentada principalmente pelo contraste do frango frito — popularmente comido com as mãos — sendo cortado com garfo e faca em um jatinho cujas fivelas dos cintos são folheadas a ouro.
Reportagem do jornal americano New York Times publicada naquele ano descrevia as predileções do presidente à mesa: além de fast food, bifes mais que bem passados, hambúrgueres e bolo de carne, saladas caesar e espaguete, doces See’s Candies e Coca-Cola diet. Evita chá, café e bebidas alcoólicas.
O médico Ronny Jackson disse em entrevista há dois anos, também ao New York Times, que Trump tem uma “saúde excelente” e com “altos índices cognitivos, boa condição cardíaca e exames normais, com apenas colesterol elevado, embora tome medicamento para controlar isso”.
Para o profissional, que atuou na Casa Branca até 2018, o ex-chefe precisa apenas cortar as sobremesas. “A parte boa é que podemos recuperar isso facilmente”, disse ele sobre o consumo excessivo de açúcar e o estímulo à práticas esportivas.
Para atingir um IMC abaixo de 25, considerado saudável, Trump precisa perder ao menos 10 kg.
Se o presidente não seguiu as recomendações médicas, o colesterol alto no sangue e o sedentarismo, associado ao consumo excessivo de açúcar e à Covid-19, podem levar à chamada síndrome metabólica.
Um estudo recente avaliou como o sobrepeso e a obesidade são fatores de maior risco para gravidade e morte por coronavírus, independente de sexo, idade e comorbidades.
A inflamação crônica baixa do organismo, condição associada à obesidade, é um dos fatores que explicam o risco elevado para desenvolver quadro grave da doença.
A inflamação é como uma deficiência no sistema imunológico, que pode ser observada na baixa presença de células B, de linfócitos T e de macrófagos, que atuam como defensoras naturais no combate ao vírus.
Esses pacientes também apresentam quantidade elevada de citocinas, que aumentam o processo inflamatório. Assim, o organismo possui menor potencial para combater o coronavírus sozinho.
Não há conhecimento se o Trump tem diabetes, mas o consumo excessivo de açúcar piora ainda mais essa condição, uma vez que a glicose elevada no sangue afeta os macrófagos. O acúmulo de tecido adiposo pressiona ainda o diafragma, comprometendo o sistema respiratório.