O Supremo Tribunal Federal (STF) enviou no fim da tarde desta quinta-feira (18) à Presidência da República uma das gravações que integram a delação premiada da JBS. No início da noite, o conteúdo também foi liberado para a imprensa. Ouça acima.
O arquivo de áudio tem duração de 39 minutos com conversas entre um dos donos da JBS, Joesley Batista, e o presidente Michel Temer. Em muitos trechos da gravação, não é possível entender o que os dois falaram no diálogo.
Em um momento da conversa, Joesley Batista afirma que está “segurando” dois juízes responsáveis por um processo do qual é alvo. Logo depois, o empresário diz que recebia informações privilegiadas de um procurador que integrava a força tarefa do processo. (Ouça a íntegra do diálogo ao final desta reportagem).
Joesley é investigado na operação Greenfield, que apura irregularidades em quatro dos maiores fundos de pensão do país, todos ligados a estatais.
Transcrição:
Joesley Batista: Queria primeiro dizer: estamos junto aí. O que o senhor precisar de mim, viu, me fala. Queria te ouvir um pouco, presidente. Como tá nessa situação toda, Eduardo, não sei o que, Lava Jato.
Michel Temer: O Eduardo resolveu me fustigar. Você viu que… Eu não tenho nada a ver com a defesa. O Moro indeferiu 21 perguntas dele que não tem nada a ver com a defesa dele. Era pra amedrontar. Eu não fiz nada [inaudível] no Supremo Tribunal Federal. [inaudível] Ele está aí, rapaz… É… [inaudível]
Joesley: Eu queria falar assim. Dentro do possível, eu fiz o máximo que deu ali, zerei tudo, o que tinha de alguma pendência daqui para ali, zerou tudo. E ele foi firme em cima e já estava lá, veio, cobrou, tal, tal, tal. Pronto. Acelerei o passo e tirei da fila. [Inaudível] O outro menino, companheiro dele que tá aqui, né? [Inaudível] O Geddel sempre estava… [barulho] O Geddel é que andava sempre ali, mas o Geddel também, com esse negócio, eu perdi o contato porque ele virou investigado, agora eu não posso, também…eu não posso encontrar ele.
Temer: É, cuidado, vai com cuidado. [inaudível] Não parecer obstrução da Justiça [inaudível].
Joseley: Agora… o negócio dos vazamentos. O telefone lá [inaudível] com o Geddel, volta e meia citava alguma coisa meio tangenciando a nós, e não sei o que. Eu estou lá me defendendo. Como é que eu… o que é que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora. Eu tô de bem com o Eduardo, ok…
Temer: Tem que manter isso, viu… [Inaudível]
Joesley: Todo mês. Também. Eu estou segurando as pontas, estou indo. Esse processo, eu estou meio enrolado aqui no processo, assim [inaudível]…
Joesley: É investigado. Eu não tenho ainda denúncia. Então, aqui eu dei conta de um lado do juiz, então eu dei uma segurada, do outro lado do juiz substituto que é um cara que ficou…
Temer: Está segurando os dois…
Joesley: É, estou segurando os dois. Então eu consegui um delator dentro da força tarefa que também está me dando informação. E lá que eu estou para dar conta de trocar o procurador que está atrás de mim. Se eu der conta tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar e tal, e o lado ruim é que se vem um cara com raiva, com não sei o quê.
Temer: [Inaudível].
Joesley: O que está me ajudando, tá bom, beleza. Agora, o principal… Tem o que está me investigando. Eu consegui colar um no grupo. Agora eu tô tentando trocar…